sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

SETENTA

               ( É hoje!!! )       

          Idosa rima com nervosa, medrosa e teimosa. Setenta rima com rabugenta, avarenta e desatenta.

          Hoje, 4 de fevereiro, a vida me disse:

          _ 70!!! Se tenta todos os dias. Permita-se tentativa e tentação.

          Então, vamos em frente. Valorizando as poucas tentativas e resistindo às muitas tentações. 

quinta-feira, 29 de julho de 2021

OU EU OU ELAS!

 (Não se trata de um ultimato de fidelidade amorosa. Seria mais "Ou Elas ou Eu!" porque eram as verdadeiras protagonistas dos realistas filmes de terror da minha vida.)


          Minha mãe dizia que até a idade de dois anos eu era uma cockroachs killer ou, como se diz aqui, uma caçadora de baratas.

          _ Regina, pega aqui!

          E, calmamente, eu pisava nelas, orgulhosa e inocente. Depois, minha tia e madrinha me traumatizou. Estávamos as duas no banheiro e apareceu uma. Já estava preparando o meu pezinho para liquidá-la, quando Dindinha começou a berrar. Parei no mesmo instante e acompanhei-a na gritaria. A partir desse dia, a matadora de baratas se foi. Psicólogos, me ajudem: trauma de infância! Mamãe ficou furiosa com a irmã e, anos mais tarde, me contou que ela deu um vexame engraçadíssimo, na época do namoro dos meus pais. O casal estava na varanda da casa. "Vigiado" pela futura cunhada, papai estava sentado numa cadeira de balanço, ao lado da mamãe. De repente, surgiu uma da espécie. Desesperada, ela agarrou a cadeira por trás e subiu nos pés traseiros, deixando o coitado literalmente de pernas para o ar.

          _ Mata, Jair, mata! - ela berrava.

          _ Geny, sai daí! Como ele pode matar assim? - Mamãe zangava.

          _ Geny, me solta! E devagar. - Papai implorava, para não ser arremessado pelo movimento brusco.

          Felizmente, terminou tudo bem, menos para a barata. Herdei o medo dela, lidando com as nojentas e monstruosas através de gritos, fugas e pedidos de socorro. Mas a vida apronta e tive que encarar várias situações aterrorizantes. Uma delas subindo pela minha perna, por causa da grande abertura da calça boca-de-sino, me fez sacudir a perna e berrar como louca, deixando meu tio, que conversava comigo, sem saber o que fazer. Convulsão? Surtou? Outra pousando na minha testa, quando estava quase dormindo, me obrigou a gritar e varejar o lençol com o rádio de pilha em cima, quase quebrando-o e matando o marido do coração.

          Além da vergonha, sentia-me incapaz de agir e resolver. Nada como um dia após o outro. Estava sozinha e o marido avisou que chegaria tarde, por causa do trabalho (pelo menos, eu acreditei...). Não deu outra: apareceu uma, enquanto eu via televisão. A hora era bem avançada e fiquei sem coragem de chamar um vizinho. Meu prédio pequeno não tinha porteiro. Então, era eu ou ela! Ela ou eu! Peguei vassoura, chinelo e inseticida, pronta para a guerra. Empurra sofá, vassourada; tira a cadeira, borrifada; puxa a mesa, chinelada. Depois de meia hora, consegui! Fiquei tão feliz e aliviada que fui dormir e deixei a sala como estava. O marido, quando chegou, achou que tínhamos sido assaltados, porém, ao ver o cadáver, imaginou o que aconteceu.

          Os ermitões estão certos: a solidão é o melhor remédio para ficar frente a frente com seus temores. Depois disso, assassino elas numa boa. Nem tanto, confesso. Jogo um bom inseticida o mais distante que eu puder. Depois de pisar, ainda me arrepio com o barulho do corpo e asas se partindo. E se alguém quiser me substituir nessa árdua tarefa, cedo a vez prontamente. É meu convidado de honra! 

           

quinta-feira, 9 de julho de 2020

EU NO FACEBOOK, NO ZAP E NA QUARENTENA

          (Diante de uma situação inusitada e difícil como essa pandemia, as pessoas postam coisas de que até Deus duvida. As minhas postagens, ELE tem certeza: "Mais uma que enlouqueceu!" Vamos conferir?)

          Em 19 de março:

          Tempos difíceis? Muito. Mas, continuarei a postar mensagens humorísticas. Alienação? Não. Acredito no alto astral, que ajuda a encarar os trancos da vida. Cada curtida, cada risada, cada comentário, tudo isso é uma injeção de ânimo para mim. Espero que para vocês também. Bjs (virtuais) e boa sorte para todos nós.

          Em 17 de abril:

          No meio desse bombardeio de opiniões, julgamentos, críticas e certezas, estou (conforme a charge que publiquei em 16/03) com o Sócrates: "Não sei porra nenhuma!" ou melhor "Só sei que nada sei."

          Fico com a letra da música do Nando Reis:

          "Espero que o tempo voe
          Para que você retorne
          E eu possa te abraçar
          E te beijar de novo."

          Haja postagens humorísticas! Bjs

          Em 25 de abril:
         
          Eu ia postar uma mensagem humorística, mas desisti. Tá difícil... O negócio é TOMAR PARTIDO. O negócio é AGREDIR VERBALMENTE. O negócio é TER RAZÃO. Então, vamos de HIBISCOS (da minha varanda) pra tentar acalmar os ânimos. Depois eu volto com o humor, se for possível. Bjs

 

          Em 20 de maio:

          Engraçado... Notei que as pessoas que mais criticam e opinam sobre pandemia, tratamentos e decisões (pessoais e políticas) não são MÉDICOS. Então, será que a Dercy tá certa?



          Em 02 de junho:

          NOVIDADE!!!

          Parei de pintar o cabelo! Que bicho vai dar? BORBOLETA? BURRO? JACARÉ? Por enquanto, está dando ZEBRA: metade preto, metade branco. O resultado desse jogo (proibido ou liberado), só depois da quarentena. Tô pagando pra ver. Ou farei como o AVESTRUZ e enfiarei a cara no buraco.

          Em 08 de julho:

          "Nesta fase da vida, depois de tudo que aconteceu e vivenciei, cheguei à seguinte conclusão: Não sou de direita nem de esquerda; sou ambidestra."

          (uma tal de Regina Paranhos)

          Comentário dela: "E ainda chuto com as 2 pernas."

domingo, 31 de março de 2019

ALUNO É TUDO IGUAL

(Quando a pessoa dá aula durante muitos anos, geralmente se esquece do tempo em que era estudante. Aconteceu comigo.)

          Anos 2000 correndo a todo vapor. Professora aposentada e passando dos 50, resolvi aprender informática. Era o início de uma nova era e da necessidade de adaptação.

          A Faculdade Estácio de Sá ofereceu um curso para a 3a. idade e lá fui eu. No primeiro dia, me senti a ninfeta da turma. Os outros alunos? Mais de 60, mais de 70, mais de 80... e muito mais! Havia médicos, engenheiros, advogados e outros ex-profissionais.

          O professor Antônio, atencioso e paciente, tentava abrir uma luz nas nossas cabeças (brancas, na maioria, ou encobertas com tinta capilar). De repente, o mestre, tão bonzinho, chega perto de um dos alunos, aos berros:

          _ Pedro, coloque o mouse mais perto!

          Horrorizados com o ataque súbito, ele explicou para nós, sussurrando:

          _ Ele é surdo.

          Tudo corria relativamente bem, Internet, configuração, ícone (ai, meus neurônios!), quando surgiu o TRABALHO DE CASA. Todos concordaram, mas, na aula seguinte, uma semana depois, adivinhem se alguém fez? Não! Inclusive eu. As desculpas eram as mais esfarrapadas:

          _ O computador é diferente do meu.

          _ Tive que buscar o neto na escola.

          _ Não tive tempo. (detalhe: todos aposentados)

          A minha foi que eu estava sozinha em casa e o computador era, para mim, um monstro pronto para dar o bote e me devorar. Aliás, é até hoje.

          Antônio era decepção pura. Ainda havia as conversas paralelas, tais como escova progressiva, jogo de futebol, doenças, receita de bolo, governo, crimes, preços abusivos., quase no mesmo tom sonoro das explicações do pobre educador, que a toda hora implorava por "Silêncio!".

          Porém, o melhor (ou pior) estava por vir. No último dia do curso, ele levou o filho Yan para a aula. Adolescente, 16 anos, se bobear, sabia mais do que o pai. Tarefa passada, tipo um teste, toca o celular do professor. Pediu-nos mil desculpas, pois tinha que atender com urgência e foi para o corredor. Tão logo saiu, uma voz chamou:

          _ Yan, é assim que se faz?

          O rapaz prontamente se levantou e foi ajudar. Bastou isso para mil braços, que pareciam tentáculos, agarrarem e puxarem o coitado:

          _ Yan, aqui!

          _ Yan, rapidinho!

          E os que não conseguiam a atenção dele, olhavam para a tela do colega. Só esquecemos que a sala era envidraçada e o professor assistia a tudo, Desligou o telefone, entrou, olhou para aquele bando de delinquentes senis e, com a voz desanimada:

          _ Vocês não têm vergonha? Colando...

          E concluiu:

          _ Aluno é tudo igual!

          P.S.: Meu professor de natação é excelente, mas muito rigoroso. Dei-lhe o apelido de "general" porque parece que estou num quartel, recebendo ordens. Quando paro na borda da piscina para descansar, ele logo reclama:

          _ Vamos, vamos, não pode parar! Descansa nadando.

          Uma vez, aproveitei que estava ao lado de um rapaz muito alto e me escondi atrás dele, recuperando o fôlego. É logico que o Alexandre viu e a bronca rolou:

          _ Para de palhaçada e vai nadar!

          Mereci. Aluno é tudo igual.

         




 

domingo, 17 de janeiro de 2016

PERDÃO PARA O MEU PECADO

( Luxúria? Gula? Qual será o meu pecado? )

          A INVEJA é uma merda, mas eu tenho, confesso. De quem? Da Argentina!

          O novo presidente de lá (Macri), mal tomou posse, já decretou as medidas corretas para acabar com a crise, provocada por anos de desmandos, corrupção e incompetência dos Kirchner. Aqui no Brasil...

          Los hermanos conseguiram o Oscar de melhor filme estrangeiro (inquestionável) para "O Segredo Dos Seus Olhos", em 2 010. Como se não bastasse, o protagonista é o talentoso e charmosíssimo ator Ricardo Darin. Aqui no Brasil...

          Bola de Ouro para Messi, o número 1 do futebol mundial. Atleta genial, proporciona a quem assiste às partidas belas jogadas, que, muitas vezes, resultam em belos gols. Aqui no Brasil...

          INVEJA é pecado, eu sei, mas o Papa pode me absolver. Espera aí, ele também é Argentino!

          Aqui ó, Brasil!

          "NÃO CHORE POR MIM, ARGENTINA!!!"

          


domingo, 6 de setembro de 2015

PROGRAMA DE ÍNDIO !!!

           Engarrafamentos? Filas? Despesas? Se vocês quiserem tudo isso, aceitem esse convite. O Blog e o Bloguinho viraram LIVROS! Para Adultos e Pirralhos. Bjs


domingo, 24 de maio de 2015

FLAGRANTE DA LAVA - JATO

( Por que eu? Sou inocente, não mereço isso! )

          Eu, uma respeitável senhora sem antecedentes, fui apanhada pela Lava-Jato. Não a operação policial, mas a gripe. A cada ano, essa doença é batizada com o nome do fato ou da pessoa em evidência. A propósito, o mais adequado seria Leva-Jato, pois carrega o indivíduo pra cama rapidinho.

          Tal e qual as detenções que vemos na mídia, assim foi a minha estreia como meliante. Em vez de entrar no camburão, fechei-me prostrada na solitária do meu quarto; as algemas que me cerceavam a liberdade eram febre, dor de cabeça, coriza e tosse; e a camisa do Flamengo (sacanagem!) foi substituída por um cobertor bem quente.

          Fui julgada, não pelo juiz Sergio Moro, mas pelo meu médico, que me condenou a ficar uma semana em casa, de repouso. O exame de corpo de delito teve um resultado bem ruim. Minha pena foi antibiótico, antiácido e xarope.

          Já paguei todos os meus pecados, até os que não cometi e estou pronta pra outra. Eu, hein? Virei a boca pra lá. Qual será o nome da próxima gripe? Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe!

domingo, 22 de março de 2015

CAROÇO, CUIDADO !

( Preparem seus ouvidos! )

          Oi, amiga, foi tudo bem. Churrasco com todos os componentes: picanha, frango, linguiça, molho à campanha, farofa, cerveja gelada. O cunhado caprichou! Alugou uma das dependências do clube de onde é sócio, com mesas, cadeiras e churrasqueira. São três espaços cobertos, um geminado ao outro.

          O único senão foi o fundo musical. Não dele, do pessoal ao lado. Quando cheguei, o pagode estava nas alturas, Raça Negra, Só Pra Contrariar. Ao ver minha irmã e perceber que seríamos vizinhos dos altíssimos decibéis, resmunguei "Não!". Achou que eu estava brigando com ela.

          Decidi jogar o jogo do contente: curtiríamos música sem pagar couvert artístico. Conversar, nem pensar! Só gritando para se fazer entender. Era o que todos faziam, ao mesmo tempo. Foi aí que o cunhado resolveu entrar na guerra. Pegou o som do carro e tascou funk no volume máximo, Anitta, MC Marcinho. Pagode, funk, gritos, gritos, funk, pagode! Abaixa, abaixa, e nada...

          Espera, cara, deixa eu terminar.

          Você pensa que acabou? Faltou o terceiro espaço, com a festinha infantil, Galinha Pintadinha, Xuxa. Sem limites sonoros e some o coral das crianças se esgoelando. Então, eu...

          Ai, meu dente! Essa azeitona tem caroço. O quê? Hein? Fala mais alto. Ah, foi isso que você disse: "Caroço, cuidado!" ? Eu entendi "Almoço do cunhado"... Calma, não precisa berrar, eu não sou SURDA!!!

domingo, 1 de fevereiro de 2015

A VOZ DA VEZ

( Preparem seus corações para baterem no ritmo da história ! )

          Maluca, maluca, mil vezes maluca!

          Uma mulher casada, três filhos, já chegando aos cinquenta, correndo atrás de um sonho da juventude, só pode ser muito doida. Os pés incharam e doem do aperto da sandália. A roupa, cheia de plumas e paetês, pinica e coça o corpo todo. Um calor do cão e a chuva impiedosa destruíram a maquiagem que a filha fez nela com o maior capricho. Até a bunda ficou dormente, de tanto tempo sentada no meio-fio. Cadeira? Nem pensar!

          Bem feito por cismar em desfilar numa escola de samba do Rio de Janeiro, qualquer uma servia! Nascida e criada em cidade do interior de Santa Catarina, via pela televisão aquele espetáculo de cores e som e se imaginava lá. O sacrifício começou em ficar devendo favor ao amigo do amigo do marido, diretor de harmonia. Mais o dinheirão da fantasia. E tome decorar samba-enredo!

          Como se não bastasse, o marido e os filhos caíram na pele dela, dizendo que deveria sair na ala das baianas, por causa da idade e dos quilinhos a mais. Os cariocas que conhecia olhavam como se pensassem: "Tem gringa no samba..." Sonho de menina? Acorda, mulher!

          Escola com nome de árvore. Cantor com nome de fruta. Que praga! Agora já era, o mal estava feito.

          Começa o aquecimento para iniciar o desfile. A bateria dita o ritmo, o cavaquinho toca alto e ela escuta aquela voz, pairando sobre tudo:

          - Fala, Mangueira!

          O vozeirão que cantava o samba enraizava-se no fundo da alma. Era um tronco forte e seguro, que transformava o colorido das fantasias em galhos e folhas de uma copa frondosa e refrescante, onde brotava um fruto negro e exótico: JAMELÃO!

          Sentiu o arrepio que a fez esquecer a dor, a coceira, o calor e a dormência. Enxugou as lágrimas, o coração batendo junto com os instrumentos. Saiu dançando e cantando, que nem pinto no lixo, no meio daquele mar de verde e rosa, fazendo coro com o intérprete maior (puxador não!):

          "Tem xim-xim e acarajé
          Tamborim e samba no pé

          Mangueira vê no céu dos orixás
          O horizonte rosa no verde mar..."

          Se venceria o Carnaval, ninguém sabia, só depois da apuração. Mas, para a vibrante foliã, a Estação Primeira seria, com certeza, a grande Campeã. Foi um rio que passou na vida do Paulinho da Viola e na dela também.

P.S.: Podem chamá-la de velha, gorda e gringa, porém ninguém pode acusá-la de pé-frio. A Mangueira foi a campeã daquele ano de 1 986, com o enredo sobre Dorival Caymmi. Agora é a minha vez (sem voz, por favor!):

          "Mangueira, teu cenário é uma beleza
          Que a natureza criou, ô, ô..."

          "Quando piso em folhas secas
          Caídas de uma mangueira
          Penso na minha escola..."

          "Tem capoeira
          Na Bahia
          Na Mangueira..."

          

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

TESTE DE PACIÊNCIA

          O Terror das Águas! Vocês adivinham quem é essa FERA?



          As opções são:

          A- Cesar Cielo

          B- Tubarão Cabeça de Martelo

          C- Saco de cimento despencando da obra ao lado

          D- Eu

          E- KKK

          Resposta: A opção correta seria "Eu" (letra D), mas, falando sério, só rindo (letra E).

terça-feira, 14 de outubro de 2014

DOUTOR SEVERINO

( 18 de outubro é o Dia do Médico. Médico lembra exame. Exame lembra sangue, pressão arterial... SOCORRO!!! )

          "- A pressão está boa e os batimentos cardíacos normais."

          Tenho a "síndrome do jaleco branco". No Português claro, medo de médico. Antes de entrar no consultório, você não sente nada. Sai do consultório, tem tudo. É uma agonia tirar a pressão. Já sei, está errado, mas depois eu conserto. Além daquele exame do qual não gosto nem de falar (baixinho, shhh, exame de sangue; vejam o texto "PÂNICO, E DAÍ?", postado em 20/ 05/ 2011), a sensação é horrível, até viro a cara, quando o médico pressiona o aparelho e vem aquele vuc, vuc, vuc... e a pressão TUM, TUM, TUM... Parece que existe um ascensorista, dentro de mim, que diz:

          - Sobe!

          Tive que ir a alguns médicos pela primeira vez e eles, que não me conheciam e não tinham muita paciência, pressão alta, me passavam uma batelada de exames e remédios. É aí que meus antigos doutores me socorrem:

          - Calma, fique calma.

          E ela, aos poucos, volta ao normal.

          Vergonha! Sim, mas eu tenho companhia. Uma amiga me contou que o marido há tempos não aferia a pressão (agora, acertei). Medo, que nem eu! Tanto ela insistiu, por ele ter completado sessenta anos, que propôs:

          - Espere eu dormir e faça o que tem que fazer.

          Como se a mulher fosse aplicar uma injeção letal. Assim fizeram. Já ressonando, pôs o aparelho nele. Até aí, tudo bem, mas, ao sentir o tal vuc, vuc, vuc, ele acordou, como de um pesadelo, arrancou a faixa e varejou longe. O que tem de mais?! Sabem qual é a profissão dele? Médico! E a especialidade? Geriatra! O que o geriatra mais faz é medir (certo, outra vez) a pressão dos velhos. É... "pimenta nos olhos dos outros é refresco".

          Não revelarei o nome dele, óbvio, porém faço questão de explicar quem é o Severino. Severino é porteiro e trabalha num prédio da minha rua. Gente boa, adora novidades tecnológicas. Quando comentei a minha "doença", disse que comprara um aparelho digital de pulso. Esse, eu ainda não experimentara.

          No mês seguinte, eu tinha consulta marcada com um médico novo. Saco! Minha pressão vai subir. E agora? Está quase na hora. Ah, quer saber? Vou lá!

          - Severino, desculpe o incômodo, mas eu posso usar o seu aparelho de pressão?

          - Claro, dona Regina, entre aqui. Sente, fique calma e vire o braço. É rapidinho... Pronto!

          Sem vuc, vuc, vuc, nem TUM, TUM, TUM, dá o "diagnóstico":

          "- A pressão esta boa e os batimentos cardíacos normais."

          Abracei-o, dei-lhe um beijinho na bochecha, grata pela "consulta" grátis (ai!):

          - Obrigada, DOUTOR Severino!

( Lembrei mais: verificar a pressão, mapear a pressão, monitorar a pressão, falar é fácil... Melhor mesmo é o incorreto tirar, pois tira o meu sossego. )




       

       

sábado, 16 de agosto de 2014

NO ESCURINHO E NO CLARINHO DO CINEMA

( "Cinema é a melhor diversão."  Será? )

LUZES !

          - Não dê refrigerante para eles, senão vão querer fazer xixi no meio!

          Ansiosa, ela aguarda a hora de entrar no cinema com mais um sobrinho de três anos. Presentes, também, a sobrinha de seis anos e o pai dos dois, irmão dela. Toda a família disse que, com ESSE, ela não conseguiria. É o desligamento em pessoa, ou melhor, em criança. Mundo da lua, dos sol, das estrelas. Tia bastante atuante, seu maior orgulho é de ter introduzido, no mundo cinematográfico, os mais velhos, com a mesma idade de três anos. Assim foi com "Peter Pan", "A Bela e a Fera", "Aladim". Nos momentos em que as histórias ficavam mais monótonas, ela entrava com as explicações que mantinham a atenção do (a) Pirralho (a). Depois, era só correr para o abraço, quer dizer, ir direto para a livraria comprar o livro do filme. Ela, professora, exultava!

          Mas, com ESSE, não foi bem assim...

CÂMERA !

          O filme da vez é "Mulan". Sentados em seus lugares, ela ensina para ele que cinema é uma tela bem grande, com muitas pessoas assistindo e aproveita para dar uma pequena ideia do enredo.

          - Não vou conseguir?! Eles é que pensam! - pensa, confiante.

          Logo em seguida, ele aponta e fala bem alto:

          - Olha, olha!

          - O quê? - pergunta ela, achando que já é efeito dos ensinamentos.

          - Uma meleca!

          Está certo, cinema é festa, tem que limpar o salão. Enfrentando olhares de asco, limpa o dedo dele com um guardanapo de papel. Luzes apagadas, começa a sessão.

          - Tá escuro! Cadê o cinema? - berra ele.

          - Ali, ali. - direciona a cabeça dele para a tela.

          - Cadê a Mulan?

          - Calma, já vai começar.

AÇÃO !

          O filme inicia e as explicações também, mais cedo do que de costume.

          - Por que a Mulan tá chorando?

          - Porque o pai brigou com ela. - sussurra para não incomodar os outros.

          - Ela quem?

          - A MULAN !!! - se impacienta.

          - Xxxxxx ! - pedem os outros.

          Pega ele no colo e explica. Deixa ele despentear o cabelo dela e explica. Tenta antecipar a cena seguinte, cochichando, claro, e explica. Qualquer coisa para não incomodar.

          - Xxxxxx !!!

          O irmão (e PAI!) finge que nem conhece, ao lado da filha. E acusa, rindo:

          - Você é que inventou!

          A culpa é ainda maior por não poder dar atenção à sobrinha. Repentinamente, ele se levanta:

          - Tô de mal com você, eu agora sou amigo do tio Paulinho.

          - Mas o tio Paulinho nem está aqui. Vem cá, vem cá! Olha a Mulan, a espada, a luta, vai vencer!

          - Xxxxxx !!!

THE END !

          Acaba o filme. Aos trancos e barrancos, ela conseguiu! É como ganhar um Oscar pelo desempenho de coadjuvante daquele ator principal mirim.

          - Regina, olhe no espelho, você parece a Medusa.

          O cabelo crespo e volumoso, de tanto que ele mexeu, é uma homenagem ao monstro mitológico, depois de um choque elétrico, além das assustadoras olheiras profundas. Não se incomoda, tamanha a sensação de vitória.

          - Meu amor, você viu tudo!

          E o irmão:

          - Filho, você gostou do filme?

          - Que filme a gente viu?

          Quase arranca o cabelo (estava horrível mesmo!) e chora (para piorar as olheiras). Mas ainda vinha mais.

          - Quer ir ao banheiro? - pergunta o pai.

          - Não. A tia Regina disse que ia comprar o livro para mim.

          A alegria volta e, toda orgulhosa, leva-o à livraria. Ao entrarem, o atencioso vendedor pergunta:

          - O que o senhor deseja?

          - Cocô! - responde ele.

          - À esquerda, lá fora! - mostra o enojado rapaz.

          - Corre, corre!

          Foi por pouco. E, para um final infeliz, vem o pior da história. Hoje, aos dezenove anos, quando a tia conta:

          - Não lembro de nada.

          Apaguem as luzes!!!

         


domingo, 12 de janeiro de 2014

PRESENÇA RARA

(  A fotógrafa aqui não é profissional nem fez jus à obra de arte da Mamãe Natureza, mas deu pro gasto. )

          Apareceu a Margarida, olê, olê, olá... Corrigindo, apareceu a Rosa! E com duas cores. Demorou, mas chegou. A safra é bem escassa e não dura muito tempo, pois ela não gosta de se expor na mídia, para não virar "arroz de festa". Na nossa conversa, eu lhe disse:

          - Menina, não seja tão bicho-do-mato, venha outras vezes. O que é bonito é para se ver.

          Mas que bobagem, as rosas não falam...

          Minha flor, minha jardineira, minha varanda, meu apartamento. Seria egoísmo demais não dividir essa imagem com vocês.




domingo, 8 de dezembro de 2013

BEM NAS FOTOS

( Demorei mais de 2 anos para postar, pois não conseguia achar a camisa do Santos que eu queria. E ele, também, é figurinha difícil. Às vezes, dá uma de flanelinha, ou vai ajudar outro barraqueiro da praia, ou bebeu umas e outras, ou a nega botou ele para fora de casa, ou ... )

          Este comigo nas fotos é o personagem da história "FLAMENGO 5 X 4 SANTOS", que postei no Blog em 30 de julho de 2 011. Não conhecem? Entrem lá! Depois de tanto tempo, descobri seu nome, Reinaldo, e falei o meu para ele. Não adianta! Continua me chamando de Senhorita e eu tratando-o de Amigo.



          
          Dei-lhe uma cópia do texto porque não tem computador. Adorou e ficou emocionado por eu ter dito que ele tem um "jeito respeitoso". Nenhuma mentira: todos, na praia e redondezas, concordam. Quando o nosso Flamengo não entra na disputa de algum torneio, ele me autoriza a torcer para o meu segundo time, o Santos. Mas o Mengão sempre em primeiro lugar!


          Esse neguinho é sangue bom, sangue Vermelho e Preto!!!

          Saudações Rubro-Negras.


  

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

NATAÇÃO, MALHAÇÃO E COMEMORAÇÃO

          O "Manto Sagrado" é para ser vestido em qualquer ocasião. Uma vez Flamengo, sempre Flamengo!
         


          Já usei em várias fases negativas e o Mengão virou o jogo.


       
          Por que não agora que ele se sagrou TRI - CAMPEÃO da Copa do Brasil?
       

 
                                              
          Estou me sentindo que nem pinto no lixo, então, tenho mais é que envergar essa camisa tão linda e tão especial.
       


          Nadando, malhando e comemorando: MENGOOOOOOO !!!




domingo, 10 de novembro de 2013

ODE AO PRETO

( ODE : poema lírico de origem grega, louvando alguém ou algum elemento. )

          Antes que me acusem de racista, eu falei ODE, não ÓDIO! Mesmo não utilizando poesia, homenageio essa cor, tantas vezes depreciada. O motivo é a sua ligação com um lado negativo da vida, que vem de tempos bem antigos e de autoria popular.

          Ninguém quer cruzar com um gato PRETO, é azar na certa. Pessoas NEGRAS  são consideradas pobres, criminosas, inferiores, como um estigma medieval. O humor, quando é politicamente incorreto, é taxado de NEGRO e pode dar processo. O avião caiu? Todo o mórbido desenlace está na caixa-PRETA. Morreu alguém e o rabecão, com sua carroceria ESCURA, é que carrega o defunto. O traje PRETO é considerado, por muitos, o mais adequado para o funeral. E, quando acontece um fato ruim, logo se diz que a coisa está PRETA. Ah, chega!

          Chegou a vez de olhar para o lado positivo. O urubu é o simbolo e dá sorte para o time do Flamengo, onde o PRETO é uma das suas cores, assim como do Santos, do Botafogo e do Atlético Mineiro. NEGROS bem sucedidos e honestos, anônimos ou famosos, vemos aos montes. O bom humor do saudoso (e nojento, tchã!) Tião Macalé dizia: "Ô, CRIOULA difícil!". O quadro NEGRO praticamente foi extinto, mas é a lembrança dos momentos de estudo e educação. O ESCURO piche do asfalto traz modernidade e conforto para ruas e avenidas. Numa festa ou solenidade, PRETINHO básico não tem erro: acarreta classe, elegância, sensualidade e ainda emagrece, quem não quer? Até no Ano Novo, que gera a obrigação do branco, usei PRETO e foi um ano maravilhoso, em todos os sentidos. O melhor churrasco é feito na churrasqueira com carvão PRETO e, de sobremesa, a doce jabuticaba, ESCURINHA como ela só.

          Se por um lado temos o ilegal mercado NEGRO e os violentos BLACK Blocs, por outro saboreamos a exótica comida CRIOULA, o reconfortante cafezinho PRETO e nos divertimos no ESCURINHO do cinema. Faço minhas as palavras de Paulo Sergio Valle, musicadas pelo irmão Marcos e cantadas pela Elis Regina: "BLACK is beautiful".

          É lógico que devo ter esquecido muito relacionado com PRETO. Mas tem horas que dá um branco... Então, eu falo rápido:

          - O peito do Pedro é PRETO!

domingo, 30 de junho de 2013

O VESTIDO E O TERNO

( Anos 80, história verdadeira! Até que tem lógica...)

          Milhares de paetês, miçangas e pérolas bordados em metros de cetim, renda e forro. Horas de provas na costureira, careira como ela só e que morava onde Judas perdeu as botas. Tudo isso para usar uma vez e ficar guardado no armário?

          Solange olhava para o vestido de madrinha de casamento do irmão e não se conformava com o desperdício de trabalho, tempo e dinheiro. Não tinha casamento nenhum em vista e sabia que, em breve, a moda o condenaria à morte: brega, out, démodé !!! Vender ou reformar? Dava pena se desfazer ou mexer naquela obra de arte. Fazer o quê?

          Foi quando teve a brilhante ideia. Por que não?

          Todo sábado, ia com o marido jantar fora nos restaurantes do bairro. Roupas bem informais: vestido, calça ou saia com blusinha para ela, jeans ou bermuda com camiseta para ele. Nesse dia, já pronto para sair, ouviu-a dizer:

          - Antônio Carlos, bota o terno!

          Achou que tinha escutado mal, mas, quando a viu toda maquiada e penteada, de salto alto e com o vestido acima citado, concluiu que não:

          - Tá maluca, Solange? Vai aonde?

          - Vou, não, vamos ao "Só Na Massa"! Todos pensarão que nós chegamos de um casamento que não teve festa. Quem vai saber? Desse jeito, usarei o meu vestido. Bota o terno!

          Resmungando (afinal, usava terno a semana inteira), fez a vontade dela. E assim foi quase todo fim de semana. Depois dos restaurantes da redondeza, entrada triunfal do "casal de padrinhos", sob os olhares inocentes dos garçons e fregueses, nos dos bairros próximos e até alguns desconhecidos. Só faltaram os violinos.

          Foi o vestido mais usado da face da Terra!

quarta-feira, 1 de maio de 2013

BLOGUEIRA EM CRISE

( A paradinha virou paradona. Desde dezembro. Greve no Blog? )

          Nada de texto, nenhuma novidade no front! As desculpas são várias, porém será que justificam o sumiço das histórias inéditas no Blog e no Bloguinho?

          Falta de tempo! Atividade física pela manhã é uma obrigação para melhorar a saúde e a aparência, embora eu sinta prazer com ela, pois escolhi o que gosto (caminhada, natação e musculação). Tarefas domésticas fazem parte, não tenho empregada. Leitura de jornais, revistas e livros é necessidade para o escritor. Cinema, minha paixão, quando dá, é à tarde. Procurar, pessoal ou eletronicamente, os entes queridos e amigos faz bem para a alma. A noite é preenchida com séries policiais e cômicas. Pronto, lá se foi o meu dia...

          TPM, Tensão Pré-Médicos! Está chegando a época dos exames anuais e eu tenho a famosa "síndrome do jaleco branco". Minha pressão sobe porque tenho pavor de medir, além do nefasto exame de sangue. Meus sais...

          Que preguiiiiiiça! Cultivar ideias, arrumar os pensamentos, procurar as melhores palavras. Troca isso, deleta aquilo, refaz ali. Escrever dá um trabalho...

          Magoei! É triste constatar, mas poucas pessoas acessam meus Blogs, mesmo da família (grande família!). Divulgo por email, no Facebook, até no boca-a-boca, e nada. Ou porque não usam computador ou por falta de interesse mesmo. Leem tanta porcaria na Internet, o que custa ler as minhas? Podiam me dar uma chance...

          Ih, escrevi, oba!!! É difícil recomeçar, se a própria pessoa tem que se forçar e animar. Agora vai, sem desculpas. Tempo a gente arruma, nem que sejam alguns minutos, como agora. Tensão já me inspirou a contar fatos trágicos e cômicos. Preguiça não enche linguiça. E sem mágoa, ainda que eu tenha um leitor somente: eu...

          Crise, me aguarde! Então, como dizia o Exterminador do Futuro, "hasta la vista, Baby"... 

domingo, 16 de dezembro de 2012

Para Acabar e Recomeçar

          Não posso mudar o mundo!
          Isso não me dá revolta.
          Tento apenas melhorar
          O universo à minha volta.

          Com o Blog, desejo Feliz 2013 para nós todos!!!

sábado, 1 de dezembro de 2012

VIREI A CARA PRO ZICO

( Gol! Mengo! Zico! Santíssima Trindade do Futebol. Foi uma heresia o que aconteceu! )

          Estão pensando que é mentira? Sonhei? Ou é uma pessoa com o mesmo apelido do Galinho de Quintino? Nada disso! É ele mesmo, o grande ídolo dos Flamenguistas como eu.

          Os famosos estão acostumados com pedidos de autógrafo, fotos, gritos e até agarramento dos fãs. Faço ideia da surpresa dele diante da minha reação!

          Nessa época, eu ainda não estava aposentada e ia, tranquilamente, a pé para a escola onde lecionava, no fim da minha rua. Bom ir andando para o trabalho! Nada de engarrafamento, atraso, estresse...

          Mas, voltemos ao Zico, que é o que interessa. Eu sou a famosa quem? Ele estava parado, sozinho, encostado no carro, em frente a um dos prédios da minha sossegada rua. Nem acreditei! Minha tranquilidade acabou e começou uma enorme emoção.

          Quando estava chegando perto dele, minhas pernas tremiam. Pensei: posso tropeçar e derrubar o rei Arthur Antunes Coimbra. FALTA! Bancar a deslumbrada, falar abobrinha e ferir os gloriosos ouvidos? IMPEDIMENTO! Não lembrava mais se tinha escovado o dente e se meu desodorante estava vencido. Mau hálito e cecê derrotando o astro do futebol? BOLA FORA! Deu vontade de tossir. Cuspir perdigotos no meu atleta favorito? PÊNALTI!

          Nisso, o craque rubro-negro olhou para mim, sorrindo com toda a simplicidade e simpatia, porém, a idiota aqui, diante de tantas desgraças imaginárias e possibilidades negativas, se deu CARTÃO VERMELHO e ignorou solenemente o jogador símbolo do Mengão. Tirei meu time de campo e fui!!! Perdi a chance e me xinguei dos piores palavrões, como a galera faz com a mãe do juiz.

          Ele deve ter achado que estava diante de alguma Vascaína, Tricolor ou Botafoguense, com raiva do carrasco do seu time. Nunca imaginou que uma torcedora do Flamengo, admiradora e testemunha ocular, pois o viu jogar e arrasar, virou a cara pra ele. Que GOL CONTRA!

         

sábado, 20 de outubro de 2012

O MISTÉRIO ERÓTICO DO 5º ANDAR

( Suspense, sexo, lugar excitante: ingredientes desta apimentada história? Veremos! )

Edifício Castelo dos Nobres, num subúrbio do Rio de Janeiro, dezoito andares, cada um com doze minúsculos apartamentos:

AMANHÃ

No 5º andar:

          Vocês terão que imaginar o que irá acontecer, neste mesmo bat-local, lendo os fatos ocorridos anteriormente. Estão em ordem cronológica invertida, isto é, o final é o começo da história. Não é difícil, todos entenderão.

No 4º andar:

          Faxineiro: - Caraca! De novo? Todo dia jogam essa porra no chão. Tão pensando que eu sou escravo? Só porque eu sou crioulo e pobre. Vou pedir demissão... e vou ao sindicato... e vou querer os meus direitos...

HOJE

Na sala de reunião do prédio:

          Síndico: - A jararaca do 307, Dona Marly, reclamou que estão acontecendo safadezas no 5º andar, perto das escadas. Não sei o que ela foi fazer lá. (olha para o alto) Ó, Deus, a velha parece o Senhor, está em toda a parte e sabe de tudo! Também, sem marido e sem trabalhar... Ela, é claro, não o Senhor!

          Subsíndico: - Ela tá doida pra ocupar o seu cargo, mas os moradores tremem só de pensar. Sacanagem no 5º andar? Oba! Quero dizer, absurdo! O jeito é colocar câmeras ou alguém para vigiar, igual ao BBB.

          Síndico: - Amanhã, vamos convocar uma comissão e ficar de tocaia para descobrir o que aconteceu. Eu faço o sacrifício!

          Subsíndico: - Eu também! Faço questão! Vai ter briga para ser voluntário.

No 4º andar:

          Faxineiro: - Caraca! De novo? Todo dia jogam essa porra no chão. Tão pensando que eu sou escravo? Só porque eu sou crioulo e pobre. Vou pedir demissão... e vou ao sindicato... e vou querer os meus direitos...

ONTEM

No apartamento do Síndico:

          Dona Marly: - Vossa Excelência me permite um aparte?

          Síndico: - Dona Marly, eu não sou excelente coisa nenhuma, sou apenas o Síndico. Pode me chamar pelo nome, Doutor Américo (é técnico de enfermagem). Qual é o aparte, digo, o problema?

          Dona Marly: - Safadezas no 5º andar, perto das escadas. Uma vergonha! Na minha idade, 42 anos (o Síndico quase engasgou), tive que ouvir indecências terríveis. Por acaso, ontem, eu estava lá.

          Síndico: - Por acaso? Sei! A senhora tem certeza?

          Dona Marly: - Absoluta! Ela dizia que era a vez dele botar nela, pois tinha feito nele com capricho. As mães não podiam saber e não deixavam, que era muito perigoso. Era um tal de abaixa, chupa, enfia, buraco (o Síndico começa a se empolgar e pensa em, mais tarde, dar um "créu" na patroa). Foi quando ouviram o faxineiro subindo. Ela mandou ele jogar fora não sei o que e entraram correndo. Não deu para ver quem eram. O senhor tem que tomar uma providência, senão eu chamo a polícia! E aquele faxineiro é um desleixado, folgado e...

          Síndico: - (já interessado na sacanagem e cortando o papo chato da vizinha) Pode deixar, Dona Marly, eu mesmo tomarei as medidas cabíveis. Boa noite!

No 4º andar:

          Faxineiro: - Caraca! De novo? Todo dia jogam essa porra no chão. Tão pensando que eu sou escravo? Só porque eu sou crioulo e pobre. Vou pedir demissão... e vou ao sindicato... e vou querer meus direitos...

ANTEONTEM

No 5º andar:

          Dona Marly parou a sua ronda diária, com o objetivo de achar alguma coisa para reclamar, porque escutou duas portas baterem e passos. Começa a ouvir, escondida, mas não consegue ver quem são.

          Michelly (aborrecente do 508): - Anda! Anda! Mamãe tá tirando um cochilo. Você trouxe?

          Aleksander (aborrecente do 509): - Trouxe. Faz em mim primeiro.

          Michelly: - Nada disso! Hoje, a primeira sou eu. Ontem, o faxineiro quase pegou a gente e eu fiquei chupando o dedo. Nossas mães não deixam, mas é tão bom! O médico disse que é perigoso. Pode romper o ..., o ... (*), esqueci.

          Aleksander: - Também não sei o nome do negócio no buraco. A gente põe com cuidado. Não pode enfiar tudo. Lá vai, abaixa.

          Michelly: - Bota agora. Demora bastante, porque eu caprichei em você ontem. Ah, que gostoso... Por que tirou, tirou por quê?

          Aleksander: - Psiu! Ouvi passos, acho que é o Ué (Wexley Jefferson, o faxineiro), de novo.

          Michelly: - Joga fora, rápido!

          Como em todos os dias, os dois COTONETES caem no 4º andar, pouco antes do faxineiro chegar. Correm para seus apartamentos e batem a porta, não dando tempo de Dona Marly ver quem eram. Ah, já ia esquecendo: (*) é o TÍMPANO.

No 4º andar:

          Faxineiro: - Caraca! De novo? Todo dia jogam essa porra no chão. Tão pensando que eu sou escravo? Só porque eu sou crioulo e pobre. Vou pedir demissão... e vou ao sindicato... e vou querer os meus direitos... 

domingo, 16 de setembro de 2012

ESTRESSE ? FORA DE FOCO !!!

( Foto 1: o início, com o Recreio à direita; Foto 2: ilhas Tijucas, grande paixão; Foto 3: andando dentro do mar, com a maré baixa; Foto 4: Pedra da Gávea; Foto 5: Quebra-Mar e o píer. )


          Alguém aporrinhou o meu juízo? A grana está curta? O Mengão perdeu? A geladeira enguiçou? Remorso por causa de abusos alimentares? Notícia ruim no jornal? Chega!!! Me recuso a ficar ruminando o lado negativo que toda vida tem.

       
          Sabem por que eu não me estresso? Por estas imagens, que valem mais do que mil palavras, diariamente à minha disposição. Depois do café da manhã, bem cedinho, parto para a minha caminhada, na areia da praia da Barra da Tijuca. Começo no posto 3, perto de onde eu moro, e vou até o Quebra-Mar, voltando de alma lavada (o corpo também, depois dos mergulhos). Durante o trajeto, vou clicando estes closes que a natureza revelou. Demais, não é? Não há estresse ou fossa que resista a poses tão perfeitas.

         
          Mas não basta fotografar na máquina, tem que registrar na cabeça também. Tanto que, quando chove ou algum compromisso me impede de andar, tenho tudo gravado na minha memória e na digital, em vários ângulos, para lembrar que isto é o que vale a pena. Pois a vida não dispõe do recurso da câmera lenta. Ela é um flash!

         
          Alguns de vocês dirão que faço isso porque sou aposentada e moro perto da praia. Eu rebato: muitos têm o mesmo e não aproveitam, certo? E querem saber o que mais? Morram de inveja, mas não de estresse!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

GINA É UM GÊNIO

( CASAMENTO combina com FUTEBOL? Quantas brigas, quantas separações por causa dessa mistura explosiva! Será que esse vai dar certo? )

          Duplamente gênio, nos dois sentidos. No figurado, porque é muito esperta e inteligente; e, literalmente, é um gênio de verdade. Mas é segredo, ninguém sabe. Nem o marido, com quem vive há mais de trinta anos.

          Foi por essa ocasião que ele, inocentemente, ao achar uma garrafa de cerveja fechada, esquecida na calçada do prédio, esfregou-a radiante. De graça, até injeção na veia! Lembra-se de que a tampinha pulou longe, saiu uma espuma danada e, depois disso, ter encontrado a linda mulher da sua vida. O motivo de ter sido escolhido por ela para ser seu "amo", não dá para entender. Baixinho, gordinho, feinho, mas, geniosa como ela só, papo vai, papo vem, no mesmo dia, aboletou-se na casa dele.

          Aliás, essa longevidade do casamento desperta a curiosidade da homarada e a inveja, por que não dizer, do mulherio, na vizinhança do condomínio onde moram. Não tanto pela duração, mas pela qualidade da união. O cara sai de casa apenas para trabalhar ou na companhia dela (sonho de quase toda mulher).

          Nos primeiros anos, como na maioria dos matrimônios, ela não precisou usar seus poderes: tempo da paixonite aguda. Quando esse tempo acaba e entram a rotina e a monotonia, é preciso ser mágico! E ela, como todo gênio que se preze, começou a fazer das suas.

          Para combater as vontades típicas do mundo masculino, de encontrar os amigos, jogar uma pelada, tomar umas e outras e ir ao Maracanã (agora, Engenhão), Gina teve uma ideia luminosa. Matou quatro coelhos de uma única cajadada. Sempre que ele manifestava esses desejos, que para ela não eram uma ordem, movimentava o nariz para os lados. Não, não! Isso é com a amiga Samanta, a feiticeira. Num piscar de olhos, transformava-se em Laércio, vulgo "Chinelão", amigão dele. Na primeira vez em que apareceu, justo na hora em que ele ia sair para dar uns bordejos, estranhou um pouco, não se recordava desse amigo. Mas como, como poderia ter esquecido um cara com a bandeira do Fluminense, uma barriga de respeito embaixo da camisa tricolor, com pacotes de aperitivos tentadores numa das mãos e um isopor com "louras" geladíssimas na outra? Devia estar de porre!

          Viraram amigos de infância! Nem notou que a mulher, nessas ocasiões, sumia. E que papo: futebol, política, futebol, automóvel, futebol, mulher, futebol... E ainda ouvia, pacientemente, quando ele se queixava da Gina. Não tinha do que reclamar da "patroa", mas aí não tem graça. Coincidentemente, toda vez que o Chinelão aparecia, numa época em que não havia "pay per view", o jogo mais importante passava na televisão, como num passe de mágica. Nos intervalos, repetiam (tentavam, claro!) as melhores jogadas e lances, em plena sala, quebrando enfeites, sujando paredes e arranhando móveis.

          E, finalmente, altas horas, quando conversaram, comeram, beberam e assistiram a tudo a que tinham direito (inclusive, todas, todas as mesas-redondas sobre futebol), o amigo se despede, prometendo voltar na semana seguinte. Então, ele percebe que abusou, ao ver a mulher sair de uma das garrafas vazias, numa camisola sexy com as cores e o escudo do Fluzão, com o mesmo corpo e a mesma cara de quando se conheceram ( devem ser os cosméticos modernos, dizem que fazem milagres), cheia de amor pra dar. Esfrega os olhos, acha que está sonhando, mas é melhor deixar pra lá. Talvez, efeito do sono e da bebida. Está tudo tão bom, tem tudo de que precisa, portanto, direto para a cama e para o amor. Antes, promete levá-la, no dia seguinte, ao shopping e ao cinema, com jantar em restaurante incluído.

          Pra que gastar em botequim? Pra que se despencar até o estádio, encarar engarrafamento, multidão? Pra que suar e se machucar na pelada, no meio de um bando de pernas de pau? Pra que mais amigos, se já tem o melhor? Não se mexe em time que está ganhando há tanto tempo. E o encantamento de mais de mil e uma noites? Vai durar até quando? Até que a morte (dele) os separe! Genial, não?

( Quanto sacrifício a gente faz por um texto e um Blog! Para publicar esta história no seu Blog www.oglobo.com/blogs/pelada, no dia 19/08, Sergio Pugliese me pediu uma foto. Como foi uma homenagem aos Tricolores, eu, FLAMENGUISTA, tive que segurar (iiirrrc!) a camisa do Fluminense. Mas valeu! )

domingo, 1 de julho de 2012

Férias de Julho

          Férias de Julho? Eu e o Blog estamos nessa também. Nada de texto novo! Enquanto isso, se puderem, coloquem a leitura em dia e vejam as histórias já postadas (inclusive as postagens mais antigas, que só aparecem se vocês clicarem nelas). Em Agosto, eu volto com a corda toda. Aguardem!

domingo, 10 de junho de 2012

CENAS DE UM CASAMENTO

( Casamento é um desejo de muitos. Santo Antônio, o santo casamenteiro, é celebrado no dia 13 de junho. Tudo a ver, certo? E se, no grande dia, tudo dá errado? )

          Se alguém é contra esta união, que fale agora ou se cale para sempre. Tudo, tudo parecia ser CONTRA. Começou antes da cerimônia religiosa: o carro da noiva enguiçou na esquina da igreja, após vir peidando e dando solavancos o caminho todo. Já viram noiva entrar empurrada? Pois essa entrou, com a ajuda de convidados prestativos, e o veículo sacudindo e bufando, como se a gasolina tivesse sido substituída por suco de repolho.

          Chegou, finalmente! Deu o braço para o pai, mas teve que esperar um pouco porque o coroa, tomado pela emoção, havia tomado uns gorós e vomitou na calçada mesmo. Entrada triunfal pelo tapete vermelho, não sem notar que a daminha estava coçando a bunda e o pajem tirando uma difícil meleca. Nem adiantava chamar a atenção deles, pois o coral, para se exibir, não cantava, berrava a marcha nupcial.

          No altar, o pai passou-a para o noivo, que estava todo sorridente, com um enorme pedaço de feijão agarrado no dente. Ela conseguiu tirar, disfarçando um carinho no rosto dele. Reparou que, depois de tanto combinar, duas madrinhas estavam com vestidos idênticos, mas de cores diferentes. Soube, mais tarde, que compraram na mesma loja.

          Mas vamos à cerimônia! O padre era um velhinho bem caquético, que trocava o nome deles e esquecia que estava com o microfone ligado, pigarreando, escatologicamente, um insistente muco lá das profundezas, em alto e bom som. O sermão era entrecortado pelos soluços da mãe do noivo, em prantos no seu vestido azul marinho tão escuro, que parecia traje de luto. De repente, o padrinho e amigo do noivo desmaiou. Para tudo... abana o rapaz... melhorou... O que houve? Na festa, saberemos. Troca de alianças, casados, enfim! O fotógrafo, ao preparar o melhor ângulo, tropeçou no fio e derrubou a imagem de Santo Antônio. Logo o casamenteiro...

          Agora é festa! Foi no salão da igreja, com música, dança, comida e bebida. Mal acabaram de colocar as travessas na mesa, os garções quase foram pisoteados por uma multidão enlouquecida e esfomeada, com direito à guerra de cotovelo para pegar o melhor pedaço. Os nubentes, coitados, nada! E beija e tira foto e cumprimenta... A noiva conseguiu um espelho para se retocar e achou que estava olhando para um urso panda: a tão recomendada maquiadora usou uma sombra escura para "realçar o olhar", porém eram olhos de quem levou um soco. Por falar em soco, dois primos dela resolveram suas diferenças ali mesmo e partiram para as vias de fato. Isso é bebida, diziam uns. Rolaram no chão, enquanto a mãe do noivo, no seu vestido enlutado, gritava que tinha perdido o filho para "aquela família". É a bebida, justificavam.

          Para completar o barraco, o tal padrinho do desmaio chamou a noiva para dançar e agarrando-a, visivelmente excitado, ofereceu-se para fazer o divórcio dela, pois era advogado e mui amigo. É a bebida?

          A bebida acabou e tiveram que servir água da bica, por ordem do pai da noiva. "Olha a Lindoia! Água mineral!" Quase acabaram com a caixa d'água. E a recepção terminou com uma fila quilométrica nos banheiros: para variar, a maionese, tal e qual o mordomo, é sempre a culpada.

          Isso aconteceu há mais de trinta anos. E a união, acabou? Que nada, estão bem casados até hoje. Quando atravessam alguma crise conjugal, lembram que, depois de tudo que passaram e aconteceu nesse dia, nada mais os separa!

terça-feira, 1 de maio de 2012

CHURRASQUINHO DE MÃE

( Eu não escrevi errado nem vocês entenderam mal. Não é Churrasquinho PARA a Mãe, é Churrasquinho DE mãe, mesmo! Fato histórico!!! Quem? Quando? Onde? )

          Bem sei que não fui o único injustiçado no mundo. A História parece uma revista de fofocas: já deturpou a vida de muitas figuras, contando tudo de outra maneira. Nós, os famosos, somos umas vítimas nas mãos desses paparazzis que são os historiadores. Louco, incendiário, assassino, assim me chamam até hoje. Você cria fama, tem que deitar na cama, mesmo que seja de faquir.

          Tudo começou com um simples almoço, no quintal do meu palácio. Como eu tinha que matar um leão por dia e uns cristãos também, dei ordens para separar um (leão, é claro!) para o rega-bofe. Mandei comprar umas bebidas e acenderem o carvão, numa espécie de caixa formada de pedras, a churrasqueira. Eu e meus oficiais iniciamos uma cantoria bem animada, batendo nas panelas, e as moças dançavam. Habemus carne na brasa, bebida, música e mulheres, habemus um tremendo pagodis!

          Foi aí que aconteceu um pequeno incidente: Mamãe Agripina, já de cara cheia, falava mal de todo o império romano. Ninguém escapava, nem eu, seu filho, o Imperador. Um era corno, outro era broxa, uma era piranha, outra estava acabada. Matrona! Acabou engasgando com um pedaço de carne com farofa. Tentei socorrer a velha, mas tropecei na churrasqueira (eu já estava ligeiramente mamado também) e o fogo se espalhou, devido ao alto índice de concentração etílica no ar. Chamei os centuriões bombeiros, mas, para variar, não tinha água, a escada estava quebrada e as ânforas furadas. Roma lambeu como um balão!

          Na confusão, não notamos que Mamãe ficou entalada no incêndio. A coroa era um porre, mas era minha mater. Enquanto as chamas ardiam, peguei meu instrumento (musical!) e cantei esta canção, de minha autoria:

          O maior golpe do mundo
          Que eu tive em minha vida
          Foi com trinta e nove anos
          Perdi minha Mãe querida
          Morreu queimada no fogo
          Morte triste e dolorida...

          Bastou isso para me culparem de tudo. Incendiei Roma, matei minha Mãe, enquanto tocava lira, e ainda plagiaram minha canção. Acabei doidão mesmo e, tempos depois, me suicidei. Porém, o pior de tudo é saber que muitas pessoas, até hoje, põem meu nome em seus cães. NERO!!! Eu não sou cachorro não!

domingo, 15 de abril de 2012

A PRIMEIRA CARTA NO BRASIL

( No dia 22 de abril, o Brasil foi descoberto, certo? Certo! Quem descobriu o Brasil foi Pedro Álvares Cabral, certo? Certo! E quem escreveu a primeira carta no Brasil foi Pero Vaz de Caminha, certo? ERRADO!!! Ninguém sabe, mas eu, depois de muita pesquisa, descobri quem foi. )

ILHA DE VERA CRUZ, TERRA DE SANTA CRUZ E, FINALMENTE, BRASIL, 22 de abril de 1 500

          Cara Maria:

          Quanta saudade de ti e das crianças!

          Depois de meses de viagem, em tempestades e calmarias, nossa esquadra lusitana aportou na nova terra. Terra à vista! Não chegamos às Índias, conforme queríamos, mas há muito índio (e muita índia) dando sopa por aqui. O lugar é um estupor de bonito! Faz um calor dos diabos e acho que, por isso, os nativos são tão indolentes. Os bestalhões, por uns presentinhos tolos, deixaram que tomássemos posse das terras. Riem o tempo todo, olham para nós, portugueses, e falam ANE-DOTA, ANE-DOTA. Sabe-se lá o que é isso?

          O nome Brasil foi dado à terra em homenagem a uma espécie de árvore, chamada pau-brasil. Quando o nosso comandante, o senhor Cabral, viu a dita cuja, admirou-se e exclamou:

          - Ó raios que a parta!

          Ora, pois, pois! Parece que ela ouviu: um galho partiu e caiu na cabeça dele. Como os palavrões que ele proferiu rimavam com o nome dela, assim o lugar ficou denominado.

          Não irei estender os detalhes, pois o escrivão da frota, o senhor Pero Vaz de Caminha, ao me ver escrevendo para ti, danou a elaborar uma carta para o nosso Rei de Portugal, contando tudo, tim-tim por tim-tim. Logo, todos saberão dos ocorridos e até seremos estudados em livros escolares. É, cachopa, teu homem entrará para a História!

          Antes de partir, pedi ao Antônio da taberna para cuidar de todos aí em casa e o gajo já me informou que está comparecendo todos os dias e que tu estás muito satisfeita. Disse-me que te cantou (um fado), que eu dancei (o vira) e que comeu muito (o teu bacalhau).

          Alvíssaras! Emprenhaste de novo, mulher? Mas como? Eu já parti há tantos meses... Vê lá, hein, rapariga! Espero que este bacorinho, pelo menos, se pareça comigo, porque os outros... Um tem olho puxado, o outro é moreninho demais, sem contar o grandalhão. Contei a boa nova para o pessoal aqui. Os selvagens me deram de presente um cocar para enfeitar a testa. Os conterrâneos me disseram que é também chamado de chapéu de touro.

          Depois da primeira missa, retornaremos à terrinha e já soube que o rei nos concederá um prêmio, o que quisermos (terras, joias, dinheiro, ó pá!). Mas tu sabes o que eu vou pedir? Para mudar o meu nome. Ai, Jesus, não sei onde meus pais estavam com a cabeça quando me registraram: MANOEL BUNDÃO! Quanta vergonha! Prepara-te, Maria, de lá em diante, teu marido se chamará JOAQUIM BUNDÃO!

          SAUDAÇÕES BRASILEIRAS.

quinta-feira, 15 de março de 2012

MENOS É MAIS

( Depois da "Poesia Matemática", de Millôr Fernandes, seria muita pretensão me aprofundar na matéria. Nesta crônica, usei o básico e olhe lá! Façam as contas. )

          Virou mania mandar ou receber frases com mensagens de autoajuda. Outro dia, li uma que me inspirou: "É fácil amar a humanidade, difícil é amar o próximo." Se a pessoa CALCULAR, notará que existe uma grande preocupação com fatos MAIORES, onde a mobilização atinge o MÁXIMO. Por outro lado, quase não há a MÍNIMA atenção para os MENORES, que acontecem diariamente e estão à sua volta.

          Quanta revolta contra atentados, guerras, crimes famosos! Mas a violência está, também, em não dar bom dia para o seu porteiro, esquecer que a família existe ou brigar com alguém por motivo tolo. São pequenos atos que irão se SOMAR e aumentar a tensão do dia, que tinha tudo para ser bom.

          Críticas à honestidade de políticos, governantes e superiores (o chefe, o síndico do prédio, o gerente do banco) são constantes. Um absurdo o rombo no orçamento, o desvio de verbas, as fraudes, o superfaturamento de obras! Um absurdo, do mesmo modo, é furar fila, praticar pequenos furtos em lojas, aceitar o troco a mais, ocupar a vaga de deficiente não sendo e tomar o lugar do idoso no ônibus! São pequenas atitudes que irão DIMINUIR as chances de todos em benefício de alguns.

          Esse assunto continua rendendo: meio ambiente. Passeatas, carreatas, naviatas (do Green Peace) no combate ao desmatamento, à poluição ambiental e à caça predatória. Abaixo a indústria X! Cadeia para o fazendeiro Y! Fechem a empresa Z! As manifestações acabam e RESTA o lixo jogado na rua, na praia, no morro. Papéis, plásticos, vidros e metais acumulados, entupindo bueiros e provocando enchentes, quando chove. São pequenos hábitos que irão MULTIPLICAR os prejuízos ao meio ambiente, às pessoas e aos animais.

          Qual a SOLUÇÃO para tantos PROBLEMAS?

          RESPOSTA: DIVIDIR as responsabilidades, onde cada um (no seu QUADRADO) assume a sua PARCELA no TODO que é o bem comum.

          Que nota eu tirei?

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

TRISTEZA, POR FAVOR VÁ EMBORA !

          ( Mais uma da série "EU NO FACEBOOK". )
         
          Hoje, acordei tristinha... Que 4ª feira de Cinzas foi essa? Minha escola querida (Mangueira) perdeu, meu Mengão perdeu também, me dando uma tremenda ressaca de Carnaval, snif, snif...

          Nada que uma boa caminhada na praia (visual nota 10) e 2 000 metros de natação (esforço nota 10) não curem. Além disso, fui ao cinema e vi o filme francês "As Mulheres do 6º Andar". Uma comédia leve, inteligente, sobre espanholas que vão trabalhar como domésticas, em Paris, nos anos 60. Uh-la-lá! Olé!

          Completou o meu kit antídoto para a tristeza. A Bonequinha aqui, agora mais alegrinha, recomenda!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

SESSENTA

          ( A musa deste Blogão
            Agora virou museu.
            Leiam com muita atenção
            Este poema que é meu! )

          SESSENTA! A nova idade me ordena.
          Na loteria da vida, cravei a sexta dezena.
          "Não sento!" - me nego poderosa.
          Em fevereiro, me tornei uma idosa.

          Estava tão bom nos cinquenta e nove,
          porém o tempo não se comove.
          Mesmo tendo boa aparência,
          não fazia a menor diferença.

          O jeito é soprar as velas,
          esquecendo todas as mazelas,
          usando as vantagens da terceira idade,
          como os velhinhos na sua prioridade (*).

          No ônibus, o lugar é especial.
          Meia-entrada no cinema levanta o astral.
          Na fila do banco, passamos à frente.
          A preferência é um bom presente.

          Contudo, há um outro lado:
          DNA (**), PVC (***), isto não é engraçado!
          Você quer contar uma história,
          ai, como falha a memória!

          Não tive filhos, só sobrinhos.
          Se estou com eles, perguntam: "Seus netinhos?"
          Ao chegar a minha hora,
          você deu lugar à senhora.

          Quando penso: "Tô ficando velha...",
          o espelho diz: "Já ficou, Regina Celia!"
          O bigode chinês vai até o nariz
          e o cabelo branco aparece na raiz.

          Cremes no corpo e na cara,
          natação, esforço que não para,
          mas a pele está mole e enruga
          e, nadando, estou mais para tartaruga.

          O peso da idade aumenta bem depressa.
          Projetos e planos? Fico só na promessa.
          "Antiguidade é posto!" - de saúde,deve ser.
          Na idade do condor (****), quase tudo vai doer.

          Concordo com a frase sucinta:
          - Não me troco por duas de trinta!
          Não me troco porque não posso.
          Se pudesse, faria qualquer negócio!!!

          (*) prioridade - ou seria pior idade?
          (**) DNA - data de nascimento antiga
          (***) PVC - porra da velhice chegando
          (****) idade do condor - com dor nas costas, com dor nas juntas, etc.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

QUERO SIM !!! O QUÊ ?

( Voltei! Primeiro texto de 2 012! Tudo a ver com verão e praia. )

          Estas frases do título ficaram famosas na minha família por causa de um primo, na época, adolescente. Nessa fase, a fome é muita, comem até pedra. Nossa tia estava na cozinha, chegou na varanda e começou a perguntar:

          - Beto, você quer...

          De pronto, ele respondeu:

          - Quero sim, Tia! O quê?

          O que havia para comer não interessava, o importante era comer. Por isso, estou usando as frases dele para ilustrar a minha relação com brindes. Quem não gosta de ganhar? Lembro que vi, num programa sobre moda do canal GNT, a atriz e cantora Thalma de Freitas dizer que perdeu o desfile de um estilista amigo porque estava na fila para ganhar um brinde legal.

          Um lugar onde brindes são distribuídos é a praia. Amostras de filtro solar, creme para o cabelo, iogurte, até café descafeinado eu já vi. Mas ganhar que é bom, eu não ganho. Sabem por quê? Depois de velha, virei bebê. Vou à praia cedo, no máximo às 10 da manhã estou saindo, mesmo no horário de verão. Acontece que os tais presentinhos são oferecidos após essa hora, quando há mais pessoas. Eu só vejo, no dia seguinte, os frascos, sachês e caixinhas jogados na areia. Conclusão: só ganha quem vai à praia tarde e é um porcalhão!

          Um dia, encontrei uma amiga, ficamos conversando e atrasei minha saída. Quando cheguei no calçadão, vi dois jovens distribuindo... bambolês. Bambolê?! Pra que eu quero isso? Desde criança, eu não via. Nem sei mais usar. Não quis saber, brinde é brinde! Quero sim!!! O quê? E lá fui eu, feliz da vida com meu presente, como um atleta que ganhou medalha.

          Usei? Só no dia, dei umas três reboladinhas e pronto! Depois de meses encostado na minha varanda, como um troféu enfeitando o ambiente, caí na real e me livrei dele. Ficou um gostinho de "quero mais", mas não ganhei nem injeção na veia. Só me restam os dois jornais gratuitos, "METRO" e "DESTAK". Quero sim!!! O quê?