domingo, 24 de maio de 2015

FLAGRANTE DA LAVA - JATO

( Por que eu? Sou inocente, não mereço isso! )

          Eu, uma respeitável senhora sem antecedentes, fui apanhada pela Lava-Jato. Não a operação policial, mas a gripe. A cada ano, essa doença é batizada com o nome do fato ou da pessoa em evidência. A propósito, o mais adequado seria Leva-Jato, pois carrega o indivíduo pra cama rapidinho.

          Tal e qual as detenções que vemos na mídia, assim foi a minha estreia como meliante. Em vez de entrar no camburão, fechei-me prostrada na solitária do meu quarto; as algemas que me cerceavam a liberdade eram febre, dor de cabeça, coriza e tosse; e a camisa do Flamengo (sacanagem!) foi substituída por um cobertor bem quente.

          Fui julgada, não pelo juiz Sergio Moro, mas pelo meu médico, que me condenou a ficar uma semana em casa, de repouso. O exame de corpo de delito teve um resultado bem ruim. Minha pena foi antibiótico, antiácido e xarope.

          Já paguei todos os meus pecados, até os que não cometi e estou pronta pra outra. Eu, hein? Virei a boca pra lá. Qual será o nome da próxima gripe? Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe!