domingo, 18 de dezembro de 2011

Férias Dos Neurônios

          Ufa! Estou cansada. Escrever cansa... Darei uma folga para os neurônios e voltarei em janeiro. Eu tiro férias do Blog e vocês tiram férias de mim. Enquanto isso, releiam o que já foi postado, não esquecendo as postagens mais antigas. Bom descanso, Boas Festas e um 2 012 pra lá de bom para todos nós!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

EU NO FACEBOOK

( Cansada de pedir para lerem meus Blogs e poucos atenderem, resolvi investir em propaganda. Não dizem que ela é a "alma do negócio" ? Tomara que o espírito dela baixe e ajude a levantar meu IBOPE! )

INFORME  PUBLICITÁRIO  -  postado em 27/11

Leiam  Com  Muita  Atenção !!!

          Baixo Astral? Insônia? Prisão de Ventre? Impotência Sexual?

          Contra tudo isso, leiam meus Blogs. Vocês vão dar risada (que textos ridículos!), dormir (que textos chatos!), cagar e andar (que merda de textos!) e até gozar (que porra de textos!). Têm até SAC 0800: os comentários são inteiramente grátis. Estão sempre em promoção: quem leu um texto, pode ler todos. Aproveitem!!!

Blogão:   http://www.rpcontosedescontos.blogspot.com/

Bloguinho:   http://www.contandoate3emais.blogspot.com/

sábado, 19 de novembro de 2011

RAP DO PALITO ( M C REGININHA )

( Rapper? Eu? Por que não? Até nome artístico adotei. Tinha escolhido Regina A Pensadora, mas ficou este. Agora, é só arranjar empresário e fazer sucesso. )

DRAMA NÃO DÁ PÉ, DEIXA DE SER MANÉ!

Jogo pra escanteio a tragédia, só penso em fazer comédia.
Sinto muito, nada de drama, meu coração não se engana.
Neste grande mundo cão, rir é a melhor solução.
Se cada um tem seu jeito, neste eu não vejo defeito.

DRAMA NÃO DÁ PÉ, DEIXA DE SER MANÉ!

Antes do fio dental, eu era o maioral.
Estava em todas as bocas, do gênio ao cabeça oca.
Havia chegado o meu fim? Não, não é bem assim.
Não sou um pau mandado qualquer, estou pro que der e vier.

DRAMA NÃO DÁ PÉ, DEIXA DE SER MANÉ!

Sou elemento citado, no sentido figurado.
Para acabar com o sono, abro os olhos do dono.
E represento a magreza, símbolo atual da beleza.
Faltou o brinquedo original? Sou vareta na maior cara de pau.

DRAMA NÃO DÁ PÉ, DEIXA DE SER MANÉ!

Nas festas, falam bobagem, bebem e comem sacanagem.
Vou à praia também, e lá não tem pra ninguém:
Com sorvete ou queijo de coalho, na fome quebro seu galho.
E pra contar mais um conto, mostro se o bolo está pronto.

DRAMA NÃO DÁ PÉ, DEIXA DE SER MANÉ!

Ouçam bem o que eu digo, garanto, não há perigo:
A vida pra tudo tem hora, meu senhor e minha senhora.
Procurem sempre a alegria, o conselho é cortesia
De quem evita o conflito, sou seu amigo, o Palito.

DRAMA NÃO DÁ PÉ, DEIXA DE SER MANÉ!

sábado, 5 de novembro de 2011

EU NO FACEBOOK

( Postei de novo no Facebook e tomei gosto. Foram 2 textos em outubro: o primeiro sobre musculação [1, 2, 3, ufa...] e o segundo sobre o uso do chapéu [tem até foto]. Deram assunto. E como! )

I - QUERER  É  PODER  ?  -  postado em 13/10

          Oi, Queridos, em março, recomecei a musculação. Há mais de dez anos que eu não fazia. Minha médica e afilhada, Dra. Juliana, disse que não são só os ossos que sustentam nosso corpo, os músculos também. Desabar, nem pensar! E lá fui eu. Supino, abdutora, remada... virei marombeira. Como dizem que "querer é poder", falei para meu professor na academia que eu queria as pernas da Viviane Araujo (rsrsrs) e os braços da Michelle Obama (kkkkk). Coloquei fotos da duas na geladeira para me animar, mas deu uma depressão... Tirei logo!

          Agora, acreditem: passei a Viviane e estou passando a Michelle! Sabem em quê? Na COR! Como caminho na praia quase todo dia, estou com um "bronze" de respeito. Quanto à musculatura delas... Aí, vocês estão querendo demais! Nem que eu tomasse bomba. Por enquanto, só estou levando bomba. Mas eu chego lá... Chego? Haja malhação (não é a novela) e milagre! Bjs

II - VOCÊ  TIRARIA  O  CHAPÉU  ?  -  postado em 24/10

 
         
           Oi, Queridos, vamos lançar moda? Aliás, relançar, pois o uso do chapéu é bem antigo. Moramos numa cidade tropical, com sol quase o ano todo. Nada mais normal do que usar o dito cujo, né? Por que só na praia? Ou apenas a garotada com seus bonés? No verão, suor escorrendo, o filtro solar vai todo embora. Uma cobertura na moleira vai bem. Sombrero, cartola, coco, Panamá, é gosto do freguês. Isso vale para homens e mulheres.

          Se o cabelo ficou um lixo ou não existe, esconde tudo. Disfarça, se quiser se esconder de um chato. Para fazer um charme, é o máximo! Comprei um que é todo moldável e, dobrado, cabe na bolsa, quando num ambiente fechado. Tá sol, bota o chapéu! Tá no lado de dentro, tira o chapéu! Tá ventando, segura o chapéu! Bota, tira, dentro, segura... isso tá me dando um calor...

          E aí, alguém tem coragem de me acompanhar? Bjs
         


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

JUSTIFICATIVA DE DEMISSÃO

( Vocês já perderam o emprego? Que desagradável! Não se preocupem, até os deuses são demitidos. )

          Senhores Deuses Diretores do Olimpo:

          Conforme solicitado, apresento este relatório sobre a demissão da Semideusa Raimunda, encarregada do Brasil.

          Permitam que me apresente: Themis, Deusa da Justiça. Sou a segunda mulher de Zeus, o Deus superior. Todos já devem ter visto a minha estátua, em frente a palácios, ministérios e tribunais de justiça. Com uma venda nos olhos, seguro, numa das mãos, uma balança e, na outra, um vaso sob a forma de corno (não é do Zeus, juro!), que simbolizam, respectivamente, imparcialidade, equilíbrio e riqueza.

          Não é fácil ser justo. É andar na corda bamba, onde os pratos da balança puxam cada um para o seu lado. Acusação, defesa, culpado, inocente. Para me auxiliar, convoquei um semideus para cada país. Todos iam relativamente bem, até que a acima nomeada começou a se exceder em suas atribuições.

          Alega Raimunda, originária do estado da Paraíba, que justiça, no referido país, tarda e falha; não é cega e, sim, míope, fazendo vista grossa e enxergando quando convém. Entretanto, não se pode esquecer que dura lex, sed lex, no cabelo só Gumex. Desculpem a gracinha! Retiro a última frase.

          A situação judicial brasileira explica, mas não justifica suas atitudes. Tornou-se uma JUSTICEIRA! Parecia um Charles Bronson de túnica. Não é por aí.

          Começou com um assaltante a mão armada que estava à solta: colou suas mãos com Super-Bonder! Capou com a peixeira um estuprador que, apesar de várias denúncias, não conseguiam prender. Pegou um desses pedófilos da Internet, trancou-o num cubículo, obrigando-o a assistir a um clipe do Michael Jackson fazendo "Uh!", o dia todo, durante uma semana. Criou uma tempestade que destruiu todos os produtos e bancas de camelôs do país. Jogou furacões (que nem existem no Brasil) em grupos de invasores que já formavam favelas-comunidades em florestas preservadas: foram arrastados para o meio do deserto, no planalto central. E ainda forçou uns políticos corruptos a comerem uma buchada de bode, bem regada com azeite de dendê e pimenta malagueta: sujaram até o colarinho branco! Paro por aqui porque a lista é grande.

          Senhores, é muita a tentação de dar-lhe apoio, porém fui obrigada a puni-la exemplarmente. Nada de justiça com as próprias mãos! O povo de lá transformou-a numa super-heroína para combater a impunidade. Aplaudiam seus atos e queriam elegê-la Presidente da República. Mulher macho, sim, senhor!

          Antes que as coisas fugissem ao controle, decidi tirá-la de suas funções. Ela foi, então, transferida para o Departamento de Eros, Deus do Amor. A dita cuja já começou a meter a colher em alguns relacionamentos amorosos em crise. Não quero nem saber! Julguem por vocês.

                                                                            Atenciosamente,
                                                                            Themis, Deusa da Justiça

domingo, 2 de outubro de 2011

LINHA 442 ( LINS - URCA )

( Esta linha de ônibus foi desativada há muito tempo, anos 80, se não me engano. Muitas coisas aconteceram no interior dos seus veículos. Quem vai contar? )

          Ô país este Brasil! Labutei, labutei muito, dos dourados anos sessenta até o chumbo dos setenta. Quando acharam que eu não era mais necessário, fim da linha, me recolheram nesta espécie de asilo e, depois, me passaram adiante. Política da empresa. Ter que voltar a trabalhar, igual a tantos por aí, tudo bem. Razões econômicas. O ruim foi a mudança de percurso.

          O melhor me tiraram: passar pelas praias. Todos os dias, com chuva ou sol, meu trabalho começava no Lins de Vasconcelos, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, e ia até a Urca, na zona sul. Nesse meio, havia Grajaú, Vila Isabel, Maracanã, Praça da Bandeira, Centro, até chegar à orla, Flamengo, Botafogo, Praia Vermelha.

          Tenho é coisa para contar e, como dizem que quem conta um conto aumenta um ponto, é mais uma parada que eu faço. Afinal, é minha obrigação pegar quem espera por mim.

          Eu levava estudantes e trabalhadores. Colégio Pedro II, padarias, Colégio Militar, restaurantes, Instituto de Educação, bancos, UFRJ, empresas. Eram normalistas, secundaristas e universitários misturando-se com garçons, vendedores e funcionários, com aquelas fisionomias de quem tem um dever a cumprir. Ouvia suas conversas sobre obrigações e tarefas. Eu também fazia a minha parte burocraticamente, talvez contaminado por esse estado de espírito.

          Ah, mas quando chegava o verão, tudo mudava. Era outro astral. Outros papos. Parecia que todo mundo tirava férias e os que iam trabalhar sabiam que tinham que conviver com trajes e apetrechos praianos, pois o mar era o limite.

          Era bom ver namoros começando depois da paquera, ouvir as fofocas, os casos, relatos de afogamento, sentir o cheiro de suor misturado com óleo Dagelli ou Rayto de Sol. Eu ficava cheio de areia e farelos de lanche, impregnados de maresia.

          Não existia arrastão, era só quando a Elis Regina cantava. No máximo, furtos e mão boba, às vezes acompanhados de brigas e discussões. Vi pessoas passarem mal e até um que morreu, tristes lembranças. Vida que segue.

          Eu gostava especialmente de um grupo de jovens que moravam numa mesma rua, no Lins. Na ida e na volta, andavam até o ponto final, para viajarem sentados, pois até a Praia Vermelha, era chão! Encarnavam um no outro e nas pessoas que, porventura, cometiam algum deslize, tal como tropeçar, vestir-se de maneira estranha ou apenas fugir do tipo comum. Alguns passageiros faziam cara feia, mas, para mim, as brincadeiras e as risadas eram a maneira que eles encontraram de se despedir da irresponsabilidade da juventude para entrar na seriedade da vida adulta. Para irritar as amigas, gabavam o corpo escultural de uma loura que ficava perto deles na areia e, quando eu passava pela Praça Quinze, com aquele odor característico de peixe, mandavam, com suas vozes tonitruantes, que elas fechassem as pernas. "Raquel" era um dos muitos apelidos aplicados: foi para a colega que, para não ter que dividir o bronzeador, colocou-o numa pequena embalagem de Lavolho, um conhecido colírio. Um deles não quis ceder o lugar para uma mulher com o bebê no colo e pediu para segurá-lo. Não deu outra: assim que ele pegou, o guri vomitou nos dois. Todo sujo, entre gargalhadas e uma canção bem nojenta (peço licença para não cantar), teve que levantar e foi em pé até em casa. Bando de gozadores!

          Mas a pessoa mais especial para mim foi o Tião. Era bem preto, gordinho e um paquerador inveterado. Deixava as mulheres sem graça, quando arqueava as sobrancelhas repetidamente e dizia bem alto "Quer que eu entre na sua rua?"  É, o Tião era o motorista. Aliás, o melhor que me conduziu. Nas mãos dele, não tive um arranhão sequer.

          Vocês estavam pensando...? Não! Entenderam agora? Sou um bem conservado veículo coletivo, também chamado de ônibus. Para os íntimos, Mercedes com chofer. Estou velho, mas ainda dou bom caldo. Só que Greta Garbo, quem diria, acabou em Nova Iguaçu. Meu nome agora é Pirata, Ônibus Pirata Central-Nova Iguaçu. Longe de mim desfazer da Baixada, mas depois de tanto tempo de serviço, achei que seria promovido. Uniria o útil ao agradável levar o povão de lá a Copacabana, Ipanema ou Barra. E eu voltaria a ver o mar. Tenho grande amor pelo mar. Olhar para ele ajuda a dividir as cargas pesadas da vida. Suas águas calmas ou de ressaca são como uma mulher, com as fases determinadas pela lua. Pensando bem, não devia ser O MAR, e, sim, A MAR.

          A MAR? AMOR? LUA? Depois de velho e pirata, virei romântico. Romântico só fala bobagem. Vamos trabalhar. Foooon, foooon!

domingo, 18 de setembro de 2011

EU NO FACEBOOK

( Entrei no Facebook em maio. O objetivo maior era divulgar os blogs e não ficar falando de coisas pessoais. Mas tudo é pessoal, até quando conto histórias de outras pessoas. Estes pequenos textos foram postados agora em setembro e têm muito  a ver comigo: amor e sofrimento pelo Flamengo [cadê você, Urubu?] , cinema [eca, filme argentino?] e Lei Seca [ic!]. Tinham que estar aqui no Blog, concordam? )

I - UMA  CERTA  CAMISA  -  postado em 6 / 9

          Oi, Queridos, meu time tá mal! Tô triste? É claro, mas não me escondo e aguento a gozação dos anti-Flamenguistas. Os Rubro-Negros são os únicos que, com qualquer resultado, vestem a sua segunda pele (ou, como dizem as más línguas, a única que têm). Reparei que muitos torcedores dos outros times, quando perdem, guardam as camisas no armário e fogem da zoação. Nem tocam no assunto. Qual é?! Afinal, tudo não passa de uma grande e saudável brincadeira. Vale até sacanear você mesmo. Pelo menos, deveria ser assim. É por isso que, na minha foto (no blog e no Facebook), estou com o Manto para sempre Sagrado. Na derrota ou na vitória, com pum ou sem pum *, uma vez Flamengo, sempre Flamengo!!! Bjs

* Alguns jornalistas noticiaram que, durante a bronca do técnico Luxemburgo depois da derrota, um dos jogadores soltou um gás.

II - UMA  CERTA  CAMISA  -  postado em 12 / 9

          Oi, Queridos, hoje malhei e nadei com meu Manto Sagrado. Foi uma farra na academia, uns me sacaneando, outros me apoiando, mas todos admirando minha coragem. Amo meu Time em qualquer circunstância, mesmo no inferno astral em que está. Flamengo, Flamengo, tua glória é lutar!!! Bjs

III - A  BONEQUINHA  (eu)  VIU  -  postado em 9 / 9

          Oi, Queridos, recomendo o filme "Um Conto Chinês", que, apesar do nome, é argentino. Calma, não me batam! É argentino, mas é muito bom. Ricardo Darin (o único argentino de quem eu gosto, rsrsrs) é o protagonista. Confiram. Bjs

IV - LEI  SECA  ME  MOLHOU  -  postado em 12 / 9

          Oi, Queridos, fui apanhada na Lei Seca, depois dos embalos de sábado à noite (niver da minha irmã). Sempre pensei que nunca iriam me parar, por ser mulher e coroa. PERDI!!! Como eu tinha tomado alguns gorós (poucos, tá legal?), não fiz o teste do bafômetro. Ficarei uma semana sem carteira e vou morrer numa multa de quase mil reais. Mas resta um consolo, aliás dois: o inspetor me confundiu com uma JOVEM voltando da naite (só tinha garotada, urruuu!) e um outro disse que o álcool faz mais efeito numa pessoa como eu, MAGRINHA. Mesmo desabilitada e dura, ganhei o dia, quer dizer, a madrugada! Bjs da Amiga Pinguça

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

É AGORA OU NUNCA ( or It' s Now Or Never )

( Certas pessoas precisam de um "incentivo" para tomar uma atitude ou cumprir algum objetivo. Antes tarde do que nunca. Mas, tem que ser agora? )

          Quase tudo comigo tem que ser na base do vai ou racha. Só pego no tranco. Fico enrolando, enrolando e acabo amarrada. Alguma coisa drástica acontece e me força a fazer o que devo. Foi assim com os blogs ( para quem não sabe, tenho um blog infantil também: http://www.contandoate3emais.blogspot.com/ ). Cansada de mandar originais para editores que não liam e não gostavam e de descobrir que muitas pessoas nem abriam os livrinhos que mandei imprimir com meus textos, decidi entrar na Internet.  Quem sabe eles clicam no meu endereço, mesmo sem querer? Todo escritor tem que ir aonde o leitor está.

          "Tenho que aprender a nadar.", eu repetia e repetia. E nada! Era campeã nas modalidades prego e parafuso ( quem chega mais rápido ao fundo ). Até que, um dia, numa praia bem mansinha de Búzios, eu quebrava um galho com meu nado cachorrinho, quando um cachorro de verdade passou disparado por mim, nadando. Foi a gota d'água: ser derrotada por um cachorro! Entrei para a escolinha com 30 anos, mas aprendi a lição e hoje nado os quatro estilos. Te cuida, Cesar Cielo!

          O inglês é necessário, mil razões. Do you speak English? "No, I don't.", era a minha resposta. Não pude pagar curso, na época da escola, portanto, era o básico e olhe lá! Eu não via tanta necessidade de estudar a língua, nem para trabalho nem para viagem. Foi quando surgiu a oportunidade de uma excursão à Disney. O guia falava inglês e eu me fiava nas lembranças do colégio. Num parque aquático, resolvi encarar um toboágua bem alto. Será perigoso? Já era quarentona. Sem "poliglota" algum para me ajudar, subi e perguntei ao louro e forte funcionário:

          - Is this ...

          Cadê que eu me lembrava da palavra DANGEROUS? Apontei para a boia e repeti:

          - Is this ...

          Ele, óbvio, achou que eu queria ir. Me agarrou, me sentou na boia e empurrou. Bebi água, o sutiã do meu biquini subiu, a calcinha desceu, meu cabelo entrou no olho e quase perdi minha lente de contato, que saiu do lugar. Sorte que o parque não estava cheio e ninguém  viu quando caí na piscina, seminua, descabelada e cegueta.

          Assim que voltei, nem descarreguei as malas. Fiz a minha matrícula num curso de inglês. Fui a primeira aluna da turma. Oh, yes!   

domingo, 21 de agosto de 2011

NÃO DÁ PRA ESQUECER

( Aparece cada figura na vida da gente... Essa trabalhou comigo, na primeira escola onde dei aula. Acreditem se quiserem! )

          Hoje, por causa do politicamente correto, teríamos que descrevê-la como uma afrodescendente, de elevada estatura e avantajada circunferência, lábios excessivamente carnudos e cabelos difíceis de pentear. Antigamente, dizia-se mesmo que ela era uma tremenda negona!

          Professora primária de uma escola pública do subúrbio, Maria José era o tipo da pessoa que, se não existisse, tinha que ser inventada. Agitada e falante, era querida por colegas e alunos. Quando faltava ao trabalho, era um grande vazio. Até para a diretora, que ela deixava de cabelo em pé, com suas palavras e atitudes nada pedagógicas.

          Uma delas foi quando resolveu pegar um galho de árvore para castigar as crianças que erravam os trabalhos ou desobedeciam às suas ordens. Só que ela batia sem machucar e os alunos adoravam "apanhar". Mas um menino comentou com os pais o que a Tia fazia. A mãe, furiosa, no dia seguinte, foi tirar satisfações com ela.

          - É verdade que a senhora bate no meu filho e nos outros alunos também?

          Quando aquele corpanzil levantou, a mãe reparou que o seu corpinho era metade dele. E a resposta ameaçadora veio de pronto:

          - Bato, sim! Bato no seu filho, bato no seu marido e bato na senhora também, se começar a me encher a paciência.

          A mãe escafedeu-se e Maria José continuou tranquilamente a dar sua aula.

          Outro dia, na hora do recreio, as crianças vieram avisar:

          - Tia, Tia, o Almir está subindo na mangueira!

          Almir era um pretinho, arteiro como ele só, que vivia aprontando. Portanto, era o maior "freguês" do galho castigador. E ela nem aí, continuou a tomar seu cafezinho. Uma professora insistiu:

          - Maria José, ele pode cair e vai ser um problema.

          Calmamente, ela largou a xícara e, com aquele vozeirão, trovejou:

          - ALMIIIIIR, desce daí, macaco!

          E, virando-se para as colegas, completou:

          - Não gosto de crioulo!

          E não gostava mesmo, tanto que vivia perseguindo o motorista da Kombi que transportava as professoras, que não era bonito, mas era louro, de olhos azuis. O coitado fugia dela como o diabo da cruz. Também, ele provocou a onça com vara curta. Confessou que, numa noite de porre, acabou "ficando" com ela. Na saída da escola, ele implorou:

          - Regina, Luiza, por favor, fiquem aqui na frente comigo! Me salvem!

          Rindo muito, as duas professoras aceitaram. Mas, lá vinha ela. Quando viu que só tinha lugar nos bancos de trás, ordenou para as colegas:

          - Regina, Luiza, pra trás!

          As duas prontamente obedeceram, apesar das súplicas do infeliz. Ela entrou, acomodou-se no banco da frente e, orgulhosamente, botou o bração em volta do pescoço do seu príncipe, que não sabia se dirigia ou se abaixava.

          E foram todos embora, pensando no que ela iria aprontar no dia seguinte. 

terça-feira, 9 de agosto de 2011

NÃO DEVO ESQUECER DE FAZER O TRABALHO DE CASA

( As férias escolares acabaram e as aulas e os trabalhos já começaram. Quem não fez, CASTIGO! Antes de criticar os estudantes de hoje, lembrem-se do ontem. Nós todos fomos crianças. )

          Pô, que saco! Tenho que escrever isso cem vezes. A chata da professora, toda semana, passa uma redação para casa. Falei que esqueci e ela me castigou com a cópia, depois da hora. E a minha mãe dá razão, em vez de me apoiar. Duas contra um é covardia!

          NÃO DEVO ESQUECER DE FAZER O TRABALHO DE CASA.

          Detesto fazer redação. Quando estava no C. A. e na primeira série, por qualquer coisa que eu escrevia, era elogiado. Agora, na quarta série (atualmente, quinto ano), ela quer vírgula, parágrafo, ortografia. Introdução, desenvolvimento e conclusão. Tem que obedecer a um tema. E se eu não tiver nenhuma ideia sobre ele? Perguntei se poderia escrever sobre outro assunto. "Não, não pode!" É só regra, regra e mais regra! Depois, ela pergunta: cadê a criatividade? Assim fica difícil, eu só tenho dez anos.

          NÃO DEVO ESQUECER DE FAZER O TRABALHO DE CASA.

          Eu sei que tenho dificuldade para escrever porque não gosto de ler. Como que eu vou ler? Não tenho tempo. Além dos deveres de Matemática, Estudos Sociais e Ciências, tenho os de Português, também. E a diversão? Meu pai reclama que, no tempo dele, as crianças liam muito. Mas eles não tinham computador, games e a televisão tinha poucos programas infantis. Para mim, livro bom é livro fino, com muitas figuras. Não sei por que esses escritores escrevem tanto, dá o maior trabalho para o leitor.

          NÃO DEVO ESQUECER DE FAZER O TRABALHO DE CASA.

          Outro dia, ela passou uma redação, "Fale sobre suas férias". Legais, pronto! Suei para conseguir escrever o mínimo que ela exige, quinze linhas. Não tenho nada para contar. As meninas é que falam demais e escrevem muito. Lembrei que a minha mãe sempre pergunta pro meu pai como foi o dia dele. "Bom.", ele responde. Não entendo, ela fica toda emburrada. E fala, fala...

          NÃO DEVO ESQUECER DE FAZER O TRABALHO DE CASA.

          Como diz a Tia, escrever serve para contarmos o que acontece, além de mostrar o que pensamos e sentimos. Ah, é? Já sei, farei uma redação contra a redação. Será uma vingança contra todas as professoras de Português. Legal! Mas não sei como começar a introdução. Que argumentos devo usar para fazer o desenvolvimento? Donde se conclui que... Ih, deixa pra lá! É muito complicado. Continuarei com a minha cópia. Já estou escrevendo, né?

          NÃO DEVO ESQUECER DE FAZER O TRABALHO DE CASA.

sábado, 30 de julho de 2011

FLAMENGO 5 X 4 SANTOS

( Todo mundo aí tem um segundo time? Não? Pois eu tenho! )

          Não, não vou comentar sobre esse já lendário jogo, que foi o assunto da semana, antes, durante e depois da sua realização. Pelos técnicos Luxemburgo e Muricy e jogadores estrelares, pelas jogadas geniais, pelo dilatado placar... Quando soube do resultado, fiquei feliz, como Flamenguista que sou, mas um pouco dividida, porque o Santos é o meu segundo time, o vice do meu coração. Comentei com várias pessoas:

           - Poxa! O Flamengo empatou com o Palmeiras, com o Ceará. Não podia ser o contrário? Ganhar deles e empatar com o Santos?

          Ontem, fui à praia dar minha caminhada e encontrei o Neguinho, simpático e rubro-negro, que trabalha na barraca em frente ao meu ponto de partida na areia. Vem de casa vestido com a camisa do Flamengo e troca pela camiseta uniforme dos barraqueiros. Sempre puxo conversa com ele, sobre o mar, o nosso time, o tempo. Não sei o nome dele, nem ele o meu. Eu o chamo de "Amigo" e ele me trata por "Senhorita", mesmo sabendo que sou casada. E nosso papo começou, com o assunto óbvio:

          - E aí, Amigo, gostou do jogo?

          - Claro, Senhorita! Nosso Mengão arrasou!

          E eu, com aquele meu pensamento:

          - Fiquei feliz, mas um pouco dividida, pois o Santos é o meu segundo time. Desde o Pelé, virou uma paixão. E agora, com Ganso, Neymar...

          Ele me interrompeu, com aquele jeito respeitoso, mas fechando o sorriso:

          - Senhorita, quando a Senhorita for a São Paulo, a Senhorita torce pelo Santos. Mas aqui, a Senhorita é Flamengo!

          Fim de papo! Ou seja, daqui pra frente, torcer pelo Santos, só quando não tiver o Flamengo no meio!         

          

quarta-feira, 20 de julho de 2011

CARIOQUICE , ESSA DOENÇA PEGA

( Cidade do Rio de Janeiro: as qualidades são muitas e os defeitos também. Mas ser CARIOCA, nascido ou residente, é ser contaminado por uma virose, que não larga mais. )

          Nascido e criado no Rio de Janeiro, apesar de viver confinado num apartamento de classe média do Méier, um subúrbio da cidade, Zé era o típico carioca.

          Mexia com as moças que passavam na calçada, com a mentalidade de um Vinícius de Moraes: "As muito feias que me desculpem, mas beleza é fundamental.".  Se fossem bonitas, dizia "Gostosa!" ; para as menos favorecidas, gritava "Mocreia!". Por influência da família (o casal, Antônio e Marília, e os filhos, Lucas e Isabel), torcia pelo Vasco da Gama, com alma de Bacalhau. Gritava GOL!!! e debochava dos outros times, em dias de vitória, mas se escondia para não aguentar a gozação, na hora da derrota. Quando sentia o cheiro que vinha da churrascaria próxima, pedia:

          - Oba! Churrasco, cerveja!

          Sabia todos os palavrões e xingava as crianças, que, aliás, adoravam revidar, sem ter de ouvir a bronca das mães. Provocava um bêbado, um coitado que vivia na rua:

          - Ô, cachaceiro!

          E o melhor é que o infeliz respondia:

          - Vai cair daí, rapaz! Ic...

          Até ladrão ele já havia enfrentado, lá do alto:

          - Pega! Pega! - e o cara fugiu batido.

          Conhecia a cidade só de ouvir o que a família e o pessoal da rua contavam: praia, lagoa, escola, shopping, museu, Maracanã, igreja, e, também, sobre favela, rua esburacada, acidente, golpe do telefone, bala perdida. Mas, qualquer que fosse o lado do Rio de Janeiro descrito, cantava "Cidade Maravilhosa" de cor e salteado, que aprendeu com Marlene, a empregada.

          Um dia, reparou que a árvore defronte ao prédio havia crescido tanto, que já batia na janela. Começou a subir entre seus galhos e viu que não estava preso. Era a chance de ir embora, conhecer outras pessoas e outros lugares. Bater asas e voar. Mas sentiu um peso que não o deixava partir. Devia ser a corrente com que o mantinham no cativeiro. Olhou e viu que não havia corrente alguma. Os elos que o prendiam eram a família, a comidinha na mão da Marlene, o Vasco, a churrascaria, a cidade que ele conhecia tão bem.

          Desceu cuidadosamente e acomodou-se na varanda do apartamento. A corrente que o prendia estava lá, mas sentiu uma leveza tão grande, um aconchego tão bom, que disparou:

          - Marília, Antônio, churrasco, gostosa, Lucas, cachaceiro, Isabel, Vasco, pega, pega, Marlene, cerveja, vão tomar no c... !!!

          A família se entreolhou e Antônio falou por todos:

          - Esse papagaio ficou maluco... Fica quieto, Zé!

          Depois de tudo que aconteceu, não podia aceitar apenas isso: Zé. Zé Ninguém? Do alto do seu poleiro, afirmou orgulhosamente:

          - Meu nome é Zé Carioca!

domingo, 10 de julho de 2011

UMA CERTA PÁGINA DA VIDA

( Esta história foi escrita por ocasião da novela "Páginas da Vida", de Manoel Carlos. Tia N. era fanática por novelas, via todas. Ela já faleceu, mas, mesmo assim, não colocarei o nome dela, pois é bem capaz de vir puxar meu pé, de noite... Seu apelido era "Dona Bronca", imaginem! )

          Já cheguei à conclusão de que eu sou masoquista. Esta página da minha vida não era para ser contada, era para ser virada. É o famoso "rir para não chorar" e, como eu gosto de sofrer, compartilho a relembrança do acontecido com vocês.

          Tia ENE é uma figuraça! Não sou besta de colocar o nome dela, senão serei uma página virada. Ela se acha. Considera-se moderna (apesar da idade), simpática (realmente, tem muitos amigos) e inteligente (isto ela é, mas troca as palavras, como, por exemplo, PERÍNEO, em vez de PERITO; só isso já daria outra página) e outras qualidades mais. Entre essas, destaca-se cozinheira de mão cheia. Tudo que faz é melhor, especialmente em comparação com as irmãs.

          Como também se julga uma mulher atualizada, resolveu entrar num curso de culinária, especializado em bolos. Ela reconhecia que estes não eram o seu forte, logo não poderia admitir esta página em branco na sua vida. Ao final, haveria uma festa, com a premiação dos melhores.

          No dia previsto, Titia convidou a família inteira para torcer pela sua obra. Alguns foram, inclusive eu. Chegou a hora do julgamento e dez foram selecionados para concorrer ao primeiro lugar. Adivinhem: o bolo dela não entrou nem entre os dez. Acho que, se ela pudesse, teria rasgado todas as páginas do regulamento do concurso. Pois não se fez de rogada: não sei como, sem que ninguém percebesse, surrupiou o bolo mais bonito e o mais cotado para vencer. Pegou o dito cujo e entregou para mim. Na hora, eu estava sozinha, guardando os lugares na nossa mesa, pois o resto da família tinha ido comprar bebida.

          - Toma! Segura isso aí.

          - Tia, que bolo é este? - eu vi que não era o dela.

          - Segura, segura!

          E se mandou. Fiquei lá, sozinha, segurando...

          Dali a pouco, vem uma mulher furiosa, com várias pessoas atrás, justo na minha direção:

          - Meu bolo! O meu bolo! - gritava.

          Aí, eu entendi tudo, mas, como não tenho nenhuma presença de espírito, não conseguia esboçar reação. Comecei a tremer, a voz não saía. E já me via na primeira página dos jornais, como ladra de bolo.

          - O que você está fazendo com o meu bolo? - berrava a boleira, apoiada pelo olhar de reprovação de todos na festa.

          Quando eu ia começar a gaguejar, chega minha tia, na maior calma:

          - O que foi? O que foi?

          - Ela está com o meu bolo premiado! - esganiçava a vencedora (é, o bolo dela ganhou!).

          E agora? Havia alguma coisa para se fazer ou dizer? Havia e ela fez e disse:

          - Ah, bem que eu falei para a minha sobrinha aí que aquela mulher gorda que pediu para a gente guardar o bolo dela, era muito estranha. Falei, falei e falei para a minha sobrinha não guardar, mas ela teimou, quis ser gentil. Viu só?

          A dona do bolo mudou da água para o vinho. Além de se acalmar, abraçou e beijou Titia, toda agradecida, e ainda deu metade do bolo para ela.

          E, como última página de tudo, a pobre de mim ficou como a boba da história e ainda teve que ouvir dela:

          - Frouxa!

        

segunda-feira, 20 de junho de 2011

DIÁRIOS

( Engraçado... Mesmo adorando ler e escrever, nunca fui de fazer diário, nem quando era jovem. Até a postagem no blog não é diária. Resolvi me redimir e fiz logo 2. No primeiro texto, voltei aos meus 12, 13 anos. Anos 60, ah, meus tempos... Já no segundo, um pirata encarnou em mim, navegando pelos sete mares. Pode ser do Caribe, mas não é o Jack Sparrow. Como sempre, postarei um embaixo do outro, para ficar mais arrumadinho. )

I -  A  BELA  DE  TODAS  AS  TARDES

          Querido Diário:

          Hoje não vou lhe contar como foi o meu dia na escola e em casa.

          Vou falar sobre uma pessoa e só com você eu me sinto à vontade de dizer tudo. Não, não é um namorado. É uma moça. Uma mulher que poderia ser minha mãe. Já há algum tempo que a conheço e ouço falar dela. E, cada vez mais, a minha curiosidade aumenta.

          C. mora aqui no nosso bairro mesmo. É casada e não trabalha fora. Mas todas as tardes, ela se arruma toda e sai. Usa toda a maquiagem a que tem direito, pancake, sombra, rímel, rouge, batom. O cabelo, bem pintado de preto ébano, é cuidadosamente enrolado com bobies e solto em leve armação. Veste-se com vestidos justos, curtos e decotados, revelando um corpo bem proporcionado. Os saltos altos dão uma cadência dançante ao seu andar. Pra onde será que ela vai?

          Finjo que não presto atenção, mas escuto os adultos falarem muita coisa sobre ela. Os homens dizem que é boazuda, que já saíram com ela, que não é mulher para casar. As mulheres chamam-na de vagabunda, que não é tão bonita assim e anda nua em casa. Papai diz que é uma vergonha, mamãe, que é uma infeliz. Um colega da rua me contou que, quando ela passou na garupa da lambreta do marido, os rapazes maiores gritaram "Corno! Corno!", e eu sei que significa o homem que é traído pela mulher. Aí, eu me lembrei de um filme que eu não posso ver porque é para maiores de dezoito anos, mas eu li sobre o enredo no jornal. "Belle de Jour" (Bela da Tarde) é a história de uma mulher que ama o marido, no entanto não consegue ser feliz com ele e, por isso, toda a tarde ela sai e o trai com diferentes homens. Pra onde será que ela vai?

          Quando ela passa na rua, as pessoas viram a cara e não cumprimentam, mas como olham! Será que olham para ela ou para a coragem dela de fazer o que bem entende, sem se preocupar com a opinião alheia? Tudo isso a torna, para mim, um ser inatingível, quase irreal, que fascina e desperta sentimentos, como uma sereia da terra. Não sei até que ponto é imune ao julgamento que fazem, transformando-a numa ré, mas vai vivendo a vida do seu jeito, sempre sorrindo, carinhosa com o marido, arrumando-se com apuro e saindo todas as tardes. Pra onde será que ela vai?

          Até amanhã, Diário.


II -  DIÁRIO  DE  BORDO,  JUNHO  DE  1811

          Depois do jantar, eu, o grande Capitão Dick Pirata, vulgo C. D. Pirata, sentei-me no convés do navio com meus marujos, conversando e saboreando uns uísques legítimos que incorporamos ao nosso patrimônio. Um bando de homens reunidos, geralmente, só falam besteira, porém, não sei como, a conversa mudou de rumo e um deles saiu-se com essa: "A felicidade não é um porto de chegada, mas uma forma de viajar." De onde aquela besta tirou essa pérola? Acredito que, a não ser os que estão de porre, todos devem estar matutando sobre isso.

          Pelo pouco que sei, desde que o mundo é mundo, as pessoas querem mais é ser felizes, mas tudo é relativo (alguém ainda vai me roubar esta ideia). O que pode ser bom para um pode não ser para outro. Riqueza e poder significam felicidade para muitos. Já a cura de uma doença ou a solução de um problema são sinônimos dela para outros. Assim como nós navegamos pelos sete mares, em busca do baú do tesouro, que eu nem sei se existe, o povão sai procurando pelo seu baú da felicidade.

          Não sei se ela pode ser encontrada, mas que há momentos bons, ora se há! Uma substancial evacuação, depois de dias constipado, leva o cara ao paraíso. Mandar para o inferno um inimigo mala com a ponta da espada ou encarar uma mulher bem cachorra... não quero nem que Deus me ajude!

          Dizem que eu não passo de um ladrão, mas, na realidade, todos nós somos piratas, pois saqueamos aquilo que outro deseja. Você consegue um trabalho, ganha um sorteio ou vence um jogo que o outro também queria.

          Não tenho casa nem família, mas tenho meu barco e meus rapazes, comida e bebida. Mulheres, só quando atracamos num porto qualquer. Pra que complicar? O negócio é tentar ser feliz, mas será que depende de outra pessoa ou de alguma coisa? Ou está dentro da gente mesmo e esta é a forma de viajar? Sei lá!

          Tá dentro, tá fora, existe, não existe.

          Isso me deu sono.

          Já estava me preparando para dormir, quando o meu imediato, Oni Bus Pirata, veio me dizer que recolheu do mar uma garrafa com um mapa, indicando uma ilha chamada Felicidade, a leste. É real ou será uma ilha da fantasia? Não quero saber! Vou acordar essa cambada e mandar içar velas. FELICIDADE, aqui vou eu!!!

 

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O ÚLTIMO ATO

( Dia dos Namorados, romance, "Romeu e Julieta"! Vocês sabiam que o trágico final da história quase não foi aquele? Descubram por quê. )

          Este é um segredo guardado a sete chaves. Depois que terminou de escrever "Romeu e Julieta", William Shakespeare resolveu mudar o final de sua obra. Ficou com pena dos jovens amantes, que morreram pouco tempo após consumarem o casamento. E fez assim:

          Julieta: - Ó, Romeu!

          Romeu: - Sim, Julieta... (bocejando)

          Julieta: - Romeu, acorda, Romeu. Você não se cansa de dormir?

          Romeu: - É um anjo? Estou no céu?

          Julieta: - Que anjo! Que céu! Não reparou que nós não morremos?

          Romeu: - Não? Mas como...

          Julieta: - Você achou que eu iria confiar naquele mensageiro idiota? Sabia que ele se desencontraria de você. Troquei o seu punhal pelo do mágico e você desmaiou quando viu o sangue falso. Tornei a beber o mesmo sonífero, que todos acreditaram ser veneno. Eu tenho que pensar em tudo!

          Romeu: - Meu amor, você é demais! Estamos casados e livres?

          Julieta: - Sim, sim! Vamos fugir para bem longe de nossas famílias, meu amado.

          Romeu: - Querida, responda-me, que dia é hoje?

          Julieta: - Domingo.

          Romeu: - Minha vida, antes de fugirmos, vamos dar umazinha? Depois, eu irei ao torneio de cavaleiros e darei uma chegadinha na taberna, para tomar um trago.

          Julieta: - Umazinha? É assim que você chama o nosso ato sublime de amor?! Vai me trocar por um bando de homens com armadura, montados em cavalos? E ainda vai encher a cara?! O que é? Não me ama mais? Ou estou gorda?

          Romeu: - Perdão, adorada, perdão! Não é nada disso. A partir de amanhã, serei todo seu. Ficarei com você o dia inteiro, pelo resto de nossas vidas.

          Julieta: - O dia inteiro? Não vai trabalhar, não?

          Romeu: - Minha deusa, não briguemos mais. Vamos fugir agora.

          Julieta: - E eu vou assim, de qualquer maneira? Sem minhas roupas e meus sapatos?

          Romeu: - Basta! Arriscarei minha vida e darei um jeito de pegar suas coisas, escondido.

          Julieta: - Gritando comigo? Romeu, precisamos discutir a relação...

          Romeu: - Ah, não enche! Vou lhe domar, sua megera!

          Julieta: - Você foi o sonho de uma noite de verão. Agora, é meu pesadelo!

          Shakespeare notou que o romantismo estava sendo derrotado pela convivência. Insatisfeito com o rumo da história e sem conseguir controlar a pena, o bardo decidiu parar com aquele blá-blá-blá e rasgou os papéis. O final ficou aquele mesmo que todos conhecem.

sábado, 28 de maio de 2011

SOBRE UMA DECISÃO

( Maio também é o mês das noivas. Casar ou não casar, eis a questão! Ela conta com a opinião de vocês. )

          E agora, caso ou não caso?

          As pessoas geralmente falam que, se está na dúvida, é melhor não casar. É fácil para quem está de fora. Afinal, foram quinze anos de namoro. Desde que eu tinha dez anos e ele doze. Porém, se espremer, esses quinze anos viram oito, porque foram tantos rompimentos! Ah, mas reatar foi tão bom! Todas as vezes. Bem-me-quer ou mal-me-quer?

          Dizem que a família é a base de tudo. As nossas se adoram. Meus sogros e cunhados me consideram como filha e irmã. Ele é o "filhinho" dos meus pais. Sou madrinha da sobrinha dele e ele é padrinho do meu. E os amigos, sempre dando a maior força para o casal tão harmonioso. Estão todos aí na igreja, ansiosos e felizes, pelo acontecimento há muito esperado. Ele e os padrinhos já estão no altar. Ele parece estar olhando para alguma coisa e não é para mim. Continuo dentro do carro, esperando não sei o quê. Cara ou coroa?

          Os preparativos consumiram mais de um ano. Compra de imóvel, papelada, convites. Para a cerimônia, escolha de igreja, flores, música, iluminação, fotógrafo, carro... Ufa! Sem contar a recepção. Aliás, contando, pois a grana foi alta. Bufê, DJ, lembrancinhas, bolo. E o meu vestido? Papai está chorando até hoje. Fora cabeleireiro, maquiagem. Ai, meu Deus! Os outros também tiveram despesas, além dos presentes. Par ou ímpar?

          Ele é um cara maravilhoso, vai ser um bom marido. Honesto, bom profissional, um grande amigo. Mas me irrita com suas manias. Enquanto eu curto praia, ficar em casa e sossego, ele gosta de beber, sair à noite e agitação. É bom de cama, mas, quando o sexo acaba, eu fico pensando nos problemas a resolver, enquanto ele parece ir para outro planeta. Os opostos se atraem, mas não se encontram, como o sol e a lua. Estou certa ou errada?

          Mas o que é aquilo? A tensão me faz ver coisas? É um anjo ou uma criança fantasiada? Deve ser uma visão, mas está tão nítida! Está me chamando para segui-la. Não, agora é tarde. Eu devia ter pensado nisso antes. Vou ser chamada de maluca, eu que sempre fui a sensata do casal. Chega! Serei uma mulher casada. Qualquer coisa, mais tarde, eu peço o divórcio. Ei, para de me acenar, anjo de meia-tigela! Vou abrir logo essa droga de porta e, e... O trinco do carro emperrou. Deve ser obra do anjo. Ou uma incrível coincidência. Enquanto tentam me tirar, tenho mais tempo para pensar. Estou decepcionada comigo mesma. Quanta indecisão! Será que ele também está em dúvida? Ele viu o anjo? Sai, tentação! Anjo ou demônio?

          Tenho as seguintes opções:

          A- Saio do carro, caso e serei feliz para sempre, com o homem da minha vida. Ninguém é perfeito, muito menos ele.

          B- Saio do carro, não caso e curto a festa com ele e todos os convidados. Já está tudo pago...

          C- Não saio do carro, não caso e fujo com esse motorista lindo. Quem sabe não é ele? Será a primeira aventura da minha vida.

          D- Saio do carro e dou porrada em todo mundo, inclusive naquele anjo dos infernos. Ninguém decide por mim!

          E- N. R. A. Não caso nem saio de cima.

          Preciso escolher a resposta certa. Não posso "colar" e não tenho o gabarito. Qualquer que seja a minha decisão, não devo ser aprovada. Uni-duni-tê, salame-minguê...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

PÂNICO, E DAÍ ?

( Está chegando a época do checkup. Exame disso, exame daquilo... Tranquilo? Tudo bem, menos um! )

          O grande problema é o antes, os momentos que antecedem o acontecimento. Na hora H, não dói e passa rápido. Mas, na véspera, é preciso conviver com insônia, mal-estar e até desarranjo intestinal. Literalmente, me borro de medo! Estou me referindo ao maldito exame de sangue.

          Muitos riem e acham bobagem. Crianças fazem e não choram. Mas só eu sei o que se passa na minha cabeça. Não vou, eu sou levada. Alguém tem que ir comigo. Já roguei mil pragas para os médicos que me pediram o dito cujo. Pra quê? Questionei um deles sobre as pessoas que fazem dieta uma semana antes e, depois dos bons resultados, abusam da comida o ano inteiro. É válido? E se você pratica uma atividade física e se alimenta bem, não há necessidade de enfiarem uma agulha na sua veia (AI!). Não o convenci! Ele me falou que, numa cirurgia, você pode morrer, mas, no exame de sangue, não. Não me convenceu!

          O estranho é que já enfrentei operações e outros exames tranquilamente. Em compensação, quando passo na porta de um laboratório, viro a cara, mesmo! Ainda bem que só se faz de vez em quando. Fico imaginando se eu tivesse que doar sangue. Prefiro doar um órgão.

          Pensei em fazer terapia. Será que Freud explicaria isso? Nada de trauma de infância. É fobia? Ou seria coisa de vidas passadas? Vai ver é frescura mesmo. Dizem que, quando casar, passa. Já casei e não passou. É bom falar sobre os problemas e sentimentos e, melhor ainda, é escrever. Então, estou fazendo a minha catarse, extravasando o que faz mal.

          Nossa, como estou suando! Estou sentindo umas sensações estranhas na barriga... Vocês vão ter que me dar licença, mas preciso me retirar do recinto, com urgência!!!

domingo, 8 de maio de 2011

AMOR DE MÃE É UMA PIADA

( Mãe de novo? Não tem jeito! Maio é o mês dela. Como foi o seu Dia das Mães? Com ela ou sem ela -meu caso- , tem que comemorar. Vamos à Mãe! )

          Diz a sabedoria popular que, entre todos os tipos de amor, o maior, mais desinteressado e eterno é o amor maternal. Mãe perdoa, aceita e ama tudo que vem do filho, pois ela sabe que é seu dever padecer no paraíso.

          Foi impregnada de todos os ditames e sentimentos progenitoriais que aquela mulher grávida deu à luz, numa certa maternidade. Depois do sofrimento no parto, reparou que ainda não tinha visto o seu rebento. E tome de passar enfermeira com bebês nos braços, e o dela, nada. Chamou uma que passava:

          - Enfermeira, o que está acontecendo? Todas as mães estão com seus bebês. Traga meu filho, que eu estou louca para segurar aqueles bracinhos.

         E a enfermeira, calmamente:

          - Minha senhora, o seu filho não tem bracinhos.

          A coitada levou um choque, mas mãe é mãe.

          - Então, traga o meu filho, que eu quero apertar aquelas perninhas.

          - Minha senhora, o seu filho não tem perninhas.

          Ela se deseperou, mas o amor de mãe é incondicional.

          - Traga o meu filho, enfermeira, eu só quero abraçar aquele corpinho.

          - Minha senhora, o seu filho não tem corpinho.

          Aí, foi demais para ela. Mas, mesmo assim, é o amor que tudo supera.

          - Chega, enfermeira! De qualquer maneira, eu vou amá-lo. Pelo amor de Deus, traga o meu filho!

          A enfermeira saiu e voltou, trazendo uma bandeja. Em cima, havia uma enorme orelha. Quando a mãe viu, apenas conseguiu balbuciar:

          - Meu filho...

          E a enfermeira:

          - Fala mais alto porque ele é surdo!

          Todos devem estar se perguntando: numa hora crucial como essa, cadê o pai? Ele foi comprar um piercing para dar de presente ao filho. 

domingo, 1 de maio de 2011

RECEITA PARA O DIA DAS MÃES

( Esse dia traz um dilema: comer fora e enfrentar filas nos restaurantes ou comer em casa e ter um trabalhão. Mas mãe é mãe e quer comemorar. A receita abaixo é uma sugestão para a data. Se vai dar certo, não posso garantir. )

          INGREDIENTES:

          Para a massa:
          1 mulher
          1 homem

          Para o recheio:
          1 filho
          1 nora
          1 filha
          1 genro
          2 netos

          Para a cobertura:
          1 sogra (mãe do homem)

          MODO DE FAZER:

          Massa: é a base da receita, também chamada de lar. Juntam-se 1 mulher com 1 homem, delicadamente. Eles formam uma família, que é acomodada num recipiente (casa ou apartamento), untado com amor e polvilhado com doçura.

          Recheio: misturam-se o filho com 1 moça (nora) e a filha com 1 rapaz (genro). Eles produzem 2 crianças (netos), realçando o sabor.

          Cobertura: despeja-se uma senhora idosa (sogra) em cima de tudo.

          Mesmo num calor de fogo brando, a receita, não se sabe por que, começa a desandar. O filho não engole o cunhado e a filha frita a cunhada com os olhos. Dizem que cunhado não é parente. Por sua vez, o genro e a nora, implicantes, enchem a boca para se derreter em elogios aos quitutes das respectivas mães. Na verdade, comem sardinha e arrotam badejo. Os netos sovam um ao outro, quebrando louças, mastigando e cuspindo apimentados palavrões. A sogra, destemperada, reclama que velho é igual a comida requentada, ninguém quer; que o seu filho é descascado por uma mulher que não sabe cozinhar; e que os netos e bisnetos são intragáveis. A mulher, fervendo de raiva, grita para a sogra que a batata dela vai assar. O caldo entorna quando o homem toma um porre homérico, caindo de boca na cerveja.

          A receita não deu certo. Queimada, solada, com gosto amargo, ninguém conseguiu degustar, nem o cachorro. O Dia das Mães passou do ponto!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Paradinha Pascoalina

          A Escritora aqui vai dar uma de Coelhinha (da Páscoa, não é da Playboy, não!) e comprar chocolate para as crianças e "crionças" da família. A Páscoa é a paixão, morte e ressurreição, mas ninguém é de ferro. Vamos aos peixes, ovos e bombons! E tem Tiradentes e São Jorge também. Boa Páscoa e bons feriados para todos nós! Até a próxima semana.

domingo, 3 de abril de 2011

SOBRE UMA GRAVURA

( Redação, o grande fantasma para estudantes de qualquer nível. Escrever livremente sobre gravuras é um bom exercício para ativar a criatividade. Eu "malho" a minha mente, para ela ficar SARADA. Foi o que fiz, dei asas à imaginação. Não mostro as três que usei porque, primeiro, não tenho mais e, segundo, gostaria que vocês tentassem visualizar a cena de cada uma. Deem asas à imaginação, também. Postarei uma por semana, na ordem normal, a 1ª em cima, a 2ª no meio e a 3ª embaixo. E, para quem quiser, darei pequenas dicas de cada gravura. Prontos? )

SOBRE UMA GRAVURA I  -  um ganso, com várias argolas no pescoço, como as mulheres de tribos africanas.

          Ela não achava graça em nada do seu corpo, de um tudo fazia para mudar. Insatisfação total! Um dia, soube de uma nova técnica para ficar mais bela. Não hesitou: juntou as economias e foi experimentar. À medida que apertavam, seu pescoço crescia, mas ela queria mais. O mais longo. E apertavam e alongavam. Mais! E apertavam e alongavam. Mais! E sufocou, com o pescoço mais longo do mundo.

SOBRE UMA GRAVURA II - homens jogando cartas, do lado de fora de um prédio em ruínas e um cavalo, no interior, observando da janela.

          Pode o mundo desabar, que eles não param com esse jogo. Não como, não bebo, simplesmente esqueceram de mim, preso nesta janela, como um pangaré  num quadro na parede. Logo eu, um puro-sangue que já valeu tanto. Ainda tenho que aspirar a fumaça dos cigarros, acesos um atrás do outro, olhar para aquelas caras de solidão e sofrimento e ouvir o silêncio do vazio de suas vidas. E como jogam mal! Não dê essa carta, homem, será a sua perdição!

          Qual o quê! Perdidos já estamos, eu, eles e o mundo à nossa volta.

SOBRE UMA GRAVURA III - um castelo com criaturas assustadoras nas janelas e uma luz no alto.

          Cara, eu não devia ter bebido tanto! Hic... Não sei como consegui chegar em casa, tropeçando em todas as calçadas, do bar até aqui. E aquela luz no alto?

          A gente bebe para esquecer, mas o pior é que os monstros das nossas vidas não nos abandonam, só nos assombram cada vez mais. Lá estão eles, no castelo mal-assombrado que é a porcaria da minha casa, no fim de mundo deste bairro fantasmagórico. E aquela luz no alto?

          Minha cabeça parece que vai explodir com suas vozes, mas eles não param, exigindo e me cobrando coisas que desafiam a capacidade humana. "Quero isso... Compra aquilo... Não faça isso... Trabalhe mais... Não gostei..." E não posso fugir deles: minha mulher, meus filhos, minha sogra, meu chefe, meus clientes... E aquela luz no...

          Ai! Poste miserável!

          Bom, pelo menos agora só vejo estrelas... Hic...

domingo, 27 de março de 2011

SAUDOSA MEMÓRIA

( Quando fiz este poema, pensei ouvir o som de violão, pandeiro, cuíca... Acho que pode dar Samba. Atenção, compositores!!! Alguém se habilita a ser meu parceiro? )

          Tudo aquilo que lembramos
          É o que se chama memória.
          O que aconteceu poderá
          Um dia virar história.

          Coisas simples ou complicadas,
          Sentir alegria ou tristeza,
          Perdas ou ganhos, na vida,
          Têm seu valor, sua beleza.

          A casa onde viveram
          As pessoas da família,
          Com livros, bichos e plantas,
          Em seu próprio dia-a-dia.

          Amigos, escola, professores,
          Lojas, brinquedos, vizinhança,
          Cada um formará o adulto
          Que um dia já foi criança.

          Guarde com muito cuidado
          Toda a sua experiência.
          Saudade não tem validade
          E recordar é vivência.

domingo, 20 de março de 2011

DOMINGO

( Dia de Domingo: descanso, diversão, despesas... Diferente dos demais? )

          Hoje é Domingo, pé de cachimbo!

          Pode ser, também, como dizem as canções, dia de pagode na casa do Vavá, de viver o amor e a traição no parque, de ver o mais querido no Maracanã ( como está fechado, tem que ser no Engenhão ). Pode não ter coisa alguma para fazer, numa chuva interminável, ou pode dar praia, iluminada pelo Cauê ( é o solzinho símbolo do PAN no Rio de Janeiro, já esqueceram? ). É de praxe o almoço com a família, mas vale se isolar do mundo, quem não se chama Raimundo.

          Uma vez por ano, em maio e agosto, filhos podem limpar a barra com a mãe e com o pai. Os chocólatras podem se fartar de ovos e bombons, com as bênçãos do Coelhinho da Páscoa. E todos podem se acabar no Domingo de Carnaval.

          Para o Faustão, é Domingão. Para quem toca acordeão, é Dominguinhos.

          Imprensado entre as lembranças do Sábado e a perspectiva das coisas para fazer na Segunda-feira, entre o passado e o futuro, o Domingo é um presente dos deuses ansiosamente esperado para uns e de grego para outros. Apesar da lei divina, pois até Deus descansou depois de criar o Universo, muitos trabalham nesse dia. Mas até o trabalho fica diferente dos demais dias da semana.

          Os acontecimentos da nossa vida ficam mais marcados na memória. O coração do meu velho obrigou-o a cair fora deste planeta, dizendo "Fui!" e deixando uma saudade eterna na presença desse dia. Em compensação, foi também num Domingo que um dos meus sobrinhos chegou a este mesmo mundo, dizendo "Tô na área!" e alegrando toda a galera familiar.

          Mais um Domingo... É complicado entendê-lo, tão cheio de contrastes e particularidades. Uns gostam, outros não. Nada lhe tira a peculiaridade. Entretanto, só há uma certeza: semana que vem, tem mais.

domingo, 13 de março de 2011

PONTO DE VISTA SOB A ÓTICA DO CARNAVAL

( O Carnaval acabou. Amor de Carnaval acaba na 4ª feira de Cinzas ou dura? Depende da VISÃO de cada um. )

          Tudo começou num baile, sábado de Carnaval. Anos sessenta, clube de subúrbio carioca ( Água Santa ), não se falava em lente de contato. Muito míope, quando ia a festas, ela tirava os óculos, dominada pela vaidade. Sentia-se usando uma máscara. E de monstro! Um Clóvis afastando os possíveis pretendentes. Contava com a ajuda das amigas para avaliar as paqueras. Só quando o rapaz chegava bem perto, para dançar ou beijar, ela mesma julgava.

          Nesse dia, as amigas não estavam e ela dançava sozinha. Foi aí que ele se aproximou, com os braços levantados, chamando-a para dançar. Apertou um pouco os olhos: era o Beto, um dos rapazes mais bonitos do bairro. Louro, bem alto, olhos verdes, conhecido objeto de suas fantasias.

          - Tudo bem? - ele disse.

          - Tudo bem, Beto. - e saiu dançando com ele.

          Ele, rindo, pegou no braço dela e leu na plaquinha da pulseira de ouro: Susana. Brincalhão, ela pensou, ele já a conhecia... Entre confetes e serpentinas, dançaram a noite inteira abraçados, cantando de cor as marchinhas que a orquestra tocava.

          No domingo, já sambavam numa harmonia de chamar a atenção de arquibancadas e camarotes na avenida. Só paravam para descansar quando os músicos faziam o intervalo, de hora em hora. Foi aí que aconteceu o primeiro beijo. Ela nem pestanejou: fechou os olhos e viu blocos de estrelas desfilando na escuridão à sua frente. Como ele beijava bem! Dez, nota dez!

          Na segunda, ela contou da miopia. Ele disse que não se incomodava com os óculos. Nem pensar! - ela pensou. Pediu-a em namoro, que ela fosse a eterna colombina da sua vida de pierrô apaixonado. Combinaram de apresentar os pais, acabado o Carnaval; o romance estava em contínua evolução.

          - Pode chamá-los de Betão e Vivi. - ele recomendou.

          Ela lembrou-se do nome dos pais dele, vizinhos do bairro, seu Roberto e dona Vilma, que conhecia de vista. Chegando em casa, avisou aos pais que, no próximo fim de semana, iriam conhecê-lo. O quesito família conta ponto nos relacionamentos.

          Último dia, terça-feira, é hoje só, amanhã não tem mais! Tomada por um amor de encher os olhos, concordou em ir a um motel ( na Barra da Tijuca, óbvio! ) com ele, depois da folia. Usou com os pais a famosa alegoria de moça de família, dizendo que iria dormir na casa de uma amiga que não tinha telefone. Uma transa maravilhosa, os olhos fechados de prazer. Ele foi um exímio mestre-sala, conduzindo com ritmo e maestria, a porta-estandarte pela cadência do amor.

          Quando terminaram, a quarta-feira já raiava e, para eles, nada tinha de cinza, só a luminosidade de paetês e cetim. Soltando-se dos abraços, ela abriu os olhos e olhou para ele, que estava bem perto. Era alto, louro, mas não era bonito nem tinha olhos verdes. Não era o Beto!!! Aproveitou que ele foi ao banheiro, abriu a carteira dele e lá estava: ALBERTO; filiação: Alberto e Vitória. O Beto que ela pensou enxergar chamava-se ROBERTO.

          Sentou-se na cama, olhando para o teto espelhado. Refletiu sobre tudo que aconteceu, o enredo que a envolvia e concluiu a sua moral da história: se o amor é cego ( míope ), quem ama o feio ( de óculos ), bonito lhe parece ( sem óculos ).

          Guardou os óculos e foi feliz para sempre. Por muitos Carnavais. Com o Beto ( ALBERTO ).

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Paradinha Carnavalesca

          Vou parar agora
          Não me leve a mal
          Hoje é Carnaval
          Mas não vou embora
          Volto mais legal
          Depois do Carnaval

          Com tanto riso, oh, quanta alegria
          Mais de mil leitores no Blogão...

          Chega, chega! Bom descanso ou boa diversão neste Carnaval para nós!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O NOVO SAMBA DO CRIOULO DOIDO

( Com a proximidade do Carnaval e dos desfiles das escolas de samba, nada mais oportuno do que o retorno do Crioulo Doido. Quem é bem jovem pode não conhecer, mas já ouviu falar dele e do seu famoso Samba. Ele voltou!!! )

          Nunca é demais homenagear o grande escritor Sérgio Porto, mesmo sabendo que muitos já o fizeram. Ídolo e influência de quem aprecia o humor na literatura, sua genialidade gerou obras inesquecíveis. Quando se faz referência a ele, é difícil não lembrar o seu pseudônimo, Stanislaw Ponte Preta, e os seus cômicos personagens. Dentre eles, destaca-se o Crioulo Doido, que fez um samba, símbolo da confusão de alguns enredos de escolas de samba. Mudando da História do Brasil para o Aquecimento Global, saúdo o grande mestre, humirdemente, quero dizer, humildemente. Ih, o Crioulo já está começando a incorporar...

          Este é o novo samba do Crioulo Doido, a história de um compositor que, durante muitos anos, obedeceu ao regulamento e só fez samba sobre o meio ambiente. E tome de devastação, Green Peace, documentário do Al Gore, camada de ozônio, e o coitado do Crioulo tendo que aprender tudo isso para o enredo da escola. Até que, no ano passado, escolheram um tema complicado: Aquecimento Global. Aí, o Crioulo endoidou de vez e saiu este samba:

          Foi lá na Amazônia
          Onde nasceu o guaraná
          Que os home com a serra
          Arresolveu devastá

          Mas apareceu
          O tal do aquecimento global
          E obrigou as geleira
          A derreter na moral

          Lá, lá, laiá, laiá
          A chapa logo, logo vai esquentá
          Bis

          O seu astro rei
          Pelo que eu sei, é o dono da lei
          E vai queimar todo mundo
          O seu doutô e o vagabundo

          Mau Agouro (*) fez filme no barco dos cara do Grimpice
          O pobrema arresolve, assim eu falei e disse
          Vamu encher tudo que é isopor vazio de gelo
          E trocar os pinguim pelos camelo

          Pior vai ser o meu viver
          O calorão vai me fazer sofrer
          Vai aumentar, olha que droga
          A menospausa da jararaca da minha sogra

          Ô, ô, ôô, ôô
          O buraco do ozônio não fechô
          Bis

          Ave, Lalau!

          (*) Ele quis dizer "Al Gore", que foi vice-presidente dos Estados Unidos e hoje é ativista ambiental. 

          

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

CARTÕES POSTAIS

( Férias, calor, tempo de viajar. Se 100 pessoas forem para o mesmo lugar, serão 100 opiniões diferentes. Com um casal, acontece também. )

          Para comemorar o primeiro aniversário de casamento, um jovem casal, por insistência do marido, resolveu acampar numa linda praia, quase deserta, do litoral brasileiro. Foram com um grupo de amigos mais velhos, que tinham filhos. Conforme haviam prometido, enviaram cartões postais, ele para o melhor amigo e ela para a irmã. Cada um contou a viagem do seu jeito.

          ELE:  E aí, cara? O máximo a nossa viagem! Os caras e as mulheres são muito legais. As crianças deles brincam tanto, que dormem pesado à noite. Dá até vontade de ter filhos. Conversamos, comemos e bebemos o dia inteiro. Praia à vontade, sem preocupação com horários e roupas. Fico de sunga o tempo todo. Já pensou não ter que tomar banho diariamente? Quando tomamos, é numa tenda improvisada com um pedaço de lona, e de canequinha. As necessidades fisiológicas são feitas na areia mesmo, numa área atrás do pequeno cemitério da cidade. Sinistro, né? Dormimos em barracas, sob o céu estrelado e rodeados de ar puro. Estou me sentindo um índio, livre, leve e solto.

          Difícil foi convencer a Carlinha a vir. Argumentei que seria bom fazer um programa diferente. Parece que ela está gostando, mas, não sei por que, disse que teremos muito que conversar, quando chegarmos em casa. Espero repetir logo essa aventura.

                                                                        Abração do Carlos

          ELA:  Oi, Maninha. Que merda de viagem! Entrei numa fria. Os homens são uns beberrões inúteis e as mulheres, umas mal-amadas fofoqueiras. Combinamos que elas cozinham e eu lavo a louça. Nunca lavei tanta louça em minha vida! E uma delas ainda me falou para economizar água e detergente. Quase a mandei para aquele lugar. Como não consigo me entrosar, virei babá das crianças, uns capetas mal-educados. Deus me livre ter filhos! A praia é linda, mas só isso enjoa. Fico de biquini o dia todo, nem usei minhas roupinhas lindas e novas. O banho é racionado, numa tenda ridícula, onde quase caí, para um pescador não me ver pelada. O lugar é quase deserto, mas, nessas horas, sempre passa alguém. Foi por pouco. Faz idéia de como estão minha pele e meu cabelo? Meu intestino está preso há quatro dias. Tem que ir atrás do cemitério. Se é difícil em casa, imagine com defuntos olhando. Uma vez, eu quase consegui, mas veio um maldito "vivo" e me chamou para dizer que tinha achado uma conchinha. Enfia a conchinha lá! E na hora de dormir, é no colchonete, sobre o chão imundo, dentro de uma barraca apertada e rodeados de mosquitos. Estou me sentindo uma selvagem, farofeira e reprimida.

          Não sei como o Carlinhos conseguiu me convencer, logo eu que gosto de conforto. Programa de índio! Ah, ele vai ver só, quando chegarmos em casa. Pobreza e essa gentalha, jamais!

                                                                                 Beijos da Carla

domingo, 6 de fevereiro de 2011

A TOP MODEL

( Gisele Bündchen? Kate Moss? Naomi? Nada disso. Ela foi e é, até hoje, a TOP das tops. Aproveitei para brincar com a palavra PALAVRA. )

          PALAVRA de honra, eu não aguento mais! Há dias que fico aqui sentada, sem me mexer e, o pior, sem falar, para o trabalho sair perfeito. "Nem um pio!", ele ordenou. Está pensando que eu sou passarinho? Artista é tão temperamental! Dizem que é um grande profissional na pintura, na escultura e nas invenções, que eu deveria estar honrada em posar para ele. Mas não tenho uma folga!

          Ele me deu sua PALAVRA: hoje o quadro fica pronto. Só está faltando a boca, pois ainda não encontrou o ângulo ideal. Já fiquei séria, já sorri, nada. É muito perfeccionista pro meu gosto. Tentei dar minha opinião, ele não aceita. Porque seu nome é Leonardo, pensa que é o Di Caprio.

          Todos os modelos deveriam poder falar no seu período de exposição ao artista ou ao público. O humano não é o único ser que tem o dom da PALAVRA? Portanto, eles ficariam gravados para a posteridade no seu ato característico. Lavro aqui o meu protesto!

          Pela Gioconda!!! Eu não devia ter comido tanto no almoço. Além de,na certa, ganhar uns quilinhos a mais, estou cheia de gases. Vou aproveitar que ele está olhando para a tela... e soltar unzinho só... ih, será que vai fazer barulho? Segura, mulher, olha a pose! Agora... Putz, ele resolveu olhar para mim na hora! Será que o pintorzinho vai reclamar? Não, não, pelo contrário! Pela cara dele e por suas PALAVRAS de aprovação, esta é a posição perfeita para os lábios. O sorriso da Mona Lisa. Ah, se ele soubesse...

          Tudo que seu mestre mandar. Quadro pronto, enfim! Estou livre e peço a PALAVRA para dizer a esse tal de Da Trinta, Da Vinci, sei lá, o que acho da "obra-prima":

          - Essa sua tela não vale nada e ficará pendurada numa pocilga qualquer, longe de todos os olhos e opiniões. Tenho dito!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ordem Na Casa

          Não esqueçam que a minha entrevista revanche está embaixo da do Fabio. Esta ordem ficou melhor para a leitura.Divirtam-se e até a próxima semana.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ENTREVISTAS

( Fabio Bastos e eu participamos da Oficina de Crônicas do Carlos Eduardo Novaes, na Universidade Estácio de Sá. Nós nos identificamos por causa do humor e ficamos amigos. Numa das aulas do curso, em 2 007, fizemos um troca-troca (com todo o respeito!) de entrevistas. Ele escolheu ser a estátua do Cristo Redentor, que tinha sido eleita uma das 7 maravilhas do mundo. Brincadeira, né? Porém, minha vingança foi maligna, vocês verão o personagem que eu escolhi. Não percam, na próxima semana, lá embaixo mesmo, a REVANCHE!!! )

I - ENTREVISTA COM CRISTO REDENTOR

          Entrevista concedida para a repórter Regina Paranhos pela estátua do Cristo Redentor, após ter sido escolhida uma das 7 maravilhas do mundo moderno.

Regina Paranhos: Como devo lhe tratar? Senhor, por ser o Cristo Redentor, ou senhora, por ser uma estátua?
Cristo Redentor: Você deve me tratar de senhor e com todo o respeito porque agora eu sou uma celebridade; sou uma das 7 maravilhas do mundo moderno. E vamos acabar com essa história de estátua porque eu sou um MONUMENTO. Estátuas são aquelas que ficam em praças públicas, servindo de banheiro pra pombos.

RP: Como e quando o senhor subiu aí em cima do Corcovado?
CR: Já faz tempo que estou aqui. Eu fui concebido por um engenheiro brasileiro lá pelos idos de 1 920. Minha construção ficou a cargo de um francês e demorou uns 5 anos para terminar. Fui inaugurado em 1 931 e minhas luzes acesas pelo cientista italiano Marconi, diretamente de Nápoles. Pode-se dizer que sou um monumento multinacional. Peso mais de 1 000 toneladas bem distribuídas nos meus 30 metros de altura.

RP: É dura a vida de estátua, quero dizer, monumento? Essa posição, braços abertos sobre a Guanabara, não cansa?
CR: Essa posição, imortalizada na música do Tom Jobim, é símbolo da cidade e eu tenho que manter de qualquer maneira. São os ossos do ofício, mas eu já estou acostumado. Apesar da minha idade, sou duro como uma rocha.

RP: O senhor faz uso de desodorante?
CR: Nunca usei e até hoje ninguém reclamou. O pessoal daqui de baixo do Jardim Botânico até criou um bloco em homenagem ao meu sovaco.

RP: Como é a vista aí de cima?
CR: Eu não me canso de apreciar essa paisagem maravilhosa, não há nada igual no mundo. Nesse tempo em que estou aqui, assisti a muita coisa. Vi construirem a ponte Rio-Niterói, o Maracanã, o Aterro do Flamengo. É bem verdade que vi também algumas coisas ruins, como a favelização da cidade. Gosto de ver turistas chegarem aqui em cima esbaforidos e tirarem fotos de mim. Quando não tem ninguém é chato e, pra passar o tempo, eu fico contando barcos na baía de Guanabara e as viagens de bondinho do Pão de Açúcar.

RP: É verdade que a sua eleição como uma das 7 maravilhas do mundo foi marmelada?
CR: Isso é choro de perdedor, de invejosos. Se você quer saber, eu acho até que fui prejudicado e merecia uma colocação melhor. Perder para a Muralha da China ainda vai, mas ficar atrás de um pedra de que ninguém ouviu falar é dose. Eu sei que a Estátua da Liberdade foi uma que reclamou, mas, coitada, ela está caidinha, virou até garota propaganda de um shopping na Barra da Tijuca.

RP: Após a eleição, quais são seus planos?
CR: Eu gostaria que fizessem um pedestal rotatório para que eu possa girar e ver toda a cidade. Estou há mais de 70 anos na mesma posição e acordando todo dia com o sol na cara. E tem mais uma coisa, daqui pra frente, eu quero ser conhecido como o Monumento do Cristo Maravilha.
                     
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( Depois dele, tivemos o Vampiro Lestat, Bento Carneiro ( o Vampiro Brasileiro ) e, agora, a saga "Crepúsculo", com Edward e outros vampiros. Mas só ele é o Primeiro. Para me vingar do Fabio, resolvi encarnar, na entrevista, o Conde Drácula. Vejam o que deu. ) 

II - ENTREVISTA  COM  O  VAMPIRO   ( Revista "Exame de Sangue" )

          Em primeira mão, publicamos, na íntegra, a entrevista feita pelo nosso repórter Fabio Bastos com o lendário Conde Drácula, da Transilvânia. Sim, Vlad não morreu! Instalados em local seguro e secreto, todas as perguntas e respostas foram registradas, com exclusividade, para deleite de nossos leitores. Não foram permitidas fotografias, em virtude do nosso entrevistado ter alergia à luz. Porém, fiquem certos de que ele estava impecavelmente vestido de preto (dos pés à cabeça), sério (nada de mostrar os dentes) e arrogante (parecia o rei da cocada preta).

          EXTRA! EXTRA! EXTRA!

Fabio BastosComo um príncipe da Transilvânia se tornou um vampiro? Fale das suas primeiras experiências sanguinárias e de como tudo começou.
Conde Drácula: Tudo começou quando eu ainda era criança. Nos arredores do nosso castelo, havia um canavial. Eu adorava assoviar e chupar cana. Por isso, meus dentes caninos desenvolveram-se além da conta e minha mãe me levou ao dentista. Quando o cara veio pra cima de mim com aquele motorzinho barulhento, eu mordi o braço dele. E gostei! Mordia todas as visitas. Ficava de castigo, mas não adiantava. Aquilo acabou virando um vício: morder, chupar, sangue... Pronto, virei vampiro!

FB: Você tem fama de só chupar sangue de mulheres belas e jovens. Você já deu chupadas em macho?
CD: Está me estranhando, rapaz? Eu sou espada! As mulheres imploram para serem chupadas por mim, são umas cachorras sangue-bom. É bem verdade que eu já me envolvi com outros homens, mas foi apenas sanguinariamente, para experimentar novas sensações. Porém, nada de troca-troca. Eu chupava os bofes e saía voando, na minha forma morcego. Tolinhos, nunca me pegaram. E você não folga comigo, senão te chupo todinho!

FB: Com todas essas doenças contagiosas que andam por aí, que precauções você toma antes de uma chupada?
CD: Está pensando que eu sou burro? Sem preservativo, não dá. Mandei o Doutor Nicolai (aquele mesmo dentista que eu mordi) fazer umas camisinhas para os meus caninos. O velho não entendeu bem, parece um morto-vivo, e fez um dentadura meio frouxa, mas quebra o galho. Registramos a patente e vendemos para festas à fantasia.

FB: Dizem que, apesar da idade, você continua ativo.
CD: Eu tô que tô, cheio de tesão, e sem estimulantes azuis. Sou o maior garanhão insaciável. Eu malho muito, batendo minhas asas pelo mundo afora. Sou um cara sarado e viajado.

FB: Quem no Brasil você já chupou?
CD: Eu só chupei umas cabras. Meus asseclas me disseram para manter distância do povo de lá, senão você acaba como ele, fu e mal pago. Mas, se a memória não me falha, acho que já mordi dois jogadores de futebol com o mesmo nome, Arnaldo, Romualdo, sei lá. Não acredita? É só ver a mulherada dando em cima e os dentões deles.

FB: Quem você gostaria de chupar?
CD: Então... de repente... tipo assim... Uma dessas siliconadas, pra ver como é. Só receio morder e ela sair voando.

FB: Se você tivesse que escolher um sucessor, quem você escolheria?
CD: Ninguém está à minha altura. Eu sou insubstituível, indestrutível, infalível. Eu me amo tanto, que tenho vontade de me chupar. (Olha para o vidro, mas não há reflexo.) Gostoso! SSSHHH! Imagine Vlad II, III, IV, V... Eu não sou o Rambo. Sou duro de matar, primeiro e único.

FB: Que mensagem você gostaria de passar aos seus seguidores e admiradores?
CD: Comam picanha no alho, usem um crucifixo de ouro no ônibus e peguem um bronze no sol de meio-dia. O máximo que pode acontecer é você morrer, mas o que é a vida sem arriscar o pescoço?

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