domingo, 15 de abril de 2012

A PRIMEIRA CARTA NO BRASIL

( No dia 22 de abril, o Brasil foi descoberto, certo? Certo! Quem descobriu o Brasil foi Pedro Álvares Cabral, certo? Certo! E quem escreveu a primeira carta no Brasil foi Pero Vaz de Caminha, certo? ERRADO!!! Ninguém sabe, mas eu, depois de muita pesquisa, descobri quem foi. )

ILHA DE VERA CRUZ, TERRA DE SANTA CRUZ E, FINALMENTE, BRASIL, 22 de abril de 1 500

          Cara Maria:

          Quanta saudade de ti e das crianças!

          Depois de meses de viagem, em tempestades e calmarias, nossa esquadra lusitana aportou na nova terra. Terra à vista! Não chegamos às Índias, conforme queríamos, mas há muito índio (e muita índia) dando sopa por aqui. O lugar é um estupor de bonito! Faz um calor dos diabos e acho que, por isso, os nativos são tão indolentes. Os bestalhões, por uns presentinhos tolos, deixaram que tomássemos posse das terras. Riem o tempo todo, olham para nós, portugueses, e falam ANE-DOTA, ANE-DOTA. Sabe-se lá o que é isso?

          O nome Brasil foi dado à terra em homenagem a uma espécie de árvore, chamada pau-brasil. Quando o nosso comandante, o senhor Cabral, viu a dita cuja, admirou-se e exclamou:

          - Ó raios que a parta!

          Ora, pois, pois! Parece que ela ouviu: um galho partiu e caiu na cabeça dele. Como os palavrões que ele proferiu rimavam com o nome dela, assim o lugar ficou denominado.

          Não irei estender os detalhes, pois o escrivão da frota, o senhor Pero Vaz de Caminha, ao me ver escrevendo para ti, danou a elaborar uma carta para o nosso Rei de Portugal, contando tudo, tim-tim por tim-tim. Logo, todos saberão dos ocorridos e até seremos estudados em livros escolares. É, cachopa, teu homem entrará para a História!

          Antes de partir, pedi ao Antônio da taberna para cuidar de todos aí em casa e o gajo já me informou que está comparecendo todos os dias e que tu estás muito satisfeita. Disse-me que te cantou (um fado), que eu dancei (o vira) e que comeu muito (o teu bacalhau).

          Alvíssaras! Emprenhaste de novo, mulher? Mas como? Eu já parti há tantos meses... Vê lá, hein, rapariga! Espero que este bacorinho, pelo menos, se pareça comigo, porque os outros... Um tem olho puxado, o outro é moreninho demais, sem contar o grandalhão. Contei a boa nova para o pessoal aqui. Os selvagens me deram de presente um cocar para enfeitar a testa. Os conterrâneos me disseram que é também chamado de chapéu de touro.

          Depois da primeira missa, retornaremos à terrinha e já soube que o rei nos concederá um prêmio, o que quisermos (terras, joias, dinheiro, ó pá!). Mas tu sabes o que eu vou pedir? Para mudar o meu nome. Ai, Jesus, não sei onde meus pais estavam com a cabeça quando me registraram: MANOEL BUNDÃO! Quanta vergonha! Prepara-te, Maria, de lá em diante, teu marido se chamará JOAQUIM BUNDÃO!

          SAUDAÇÕES BRASILEIRAS.

4 comentários:

  1. Oi mana! Já conhecia essa cronica dos teus livros, mas essa é inesquecível! Muito criativa!
    Bjssss, Marcia

    ResponderExcluir
  2. Adorei Regina!!!Você está reescrevendo a história do Brasil hahaha... Mais uma vez o texto ficou muito legal,engraçado e com um final melhor ainda! Parabéns!!! Bjs Lena

    ResponderExcluir
  3. muito bom Regina parabens

    nao deu tempo de ver tudo mas ta de parabens

    abs

    Arlindo . das caminhadas

    ResponderExcluir
  4. Regina, a crônica é bem humorada, mesmo ! A Maria não deve ter respondido ( ? ) mas deve ter ficado orgulhosa das prendas do marido, rsrsrsr
    Bjcs, Léa Lima

    ResponderExcluir