sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ordem Na Casa

          Não esqueçam que a minha entrevista revanche está embaixo da do Fabio. Esta ordem ficou melhor para a leitura.Divirtam-se e até a próxima semana.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ENTREVISTAS

( Fabio Bastos e eu participamos da Oficina de Crônicas do Carlos Eduardo Novaes, na Universidade Estácio de Sá. Nós nos identificamos por causa do humor e ficamos amigos. Numa das aulas do curso, em 2 007, fizemos um troca-troca (com todo o respeito!) de entrevistas. Ele escolheu ser a estátua do Cristo Redentor, que tinha sido eleita uma das 7 maravilhas do mundo. Brincadeira, né? Porém, minha vingança foi maligna, vocês verão o personagem que eu escolhi. Não percam, na próxima semana, lá embaixo mesmo, a REVANCHE!!! )

I - ENTREVISTA COM CRISTO REDENTOR

          Entrevista concedida para a repórter Regina Paranhos pela estátua do Cristo Redentor, após ter sido escolhida uma das 7 maravilhas do mundo moderno.

Regina Paranhos: Como devo lhe tratar? Senhor, por ser o Cristo Redentor, ou senhora, por ser uma estátua?
Cristo Redentor: Você deve me tratar de senhor e com todo o respeito porque agora eu sou uma celebridade; sou uma das 7 maravilhas do mundo moderno. E vamos acabar com essa história de estátua porque eu sou um MONUMENTO. Estátuas são aquelas que ficam em praças públicas, servindo de banheiro pra pombos.

RP: Como e quando o senhor subiu aí em cima do Corcovado?
CR: Já faz tempo que estou aqui. Eu fui concebido por um engenheiro brasileiro lá pelos idos de 1 920. Minha construção ficou a cargo de um francês e demorou uns 5 anos para terminar. Fui inaugurado em 1 931 e minhas luzes acesas pelo cientista italiano Marconi, diretamente de Nápoles. Pode-se dizer que sou um monumento multinacional. Peso mais de 1 000 toneladas bem distribuídas nos meus 30 metros de altura.

RP: É dura a vida de estátua, quero dizer, monumento? Essa posição, braços abertos sobre a Guanabara, não cansa?
CR: Essa posição, imortalizada na música do Tom Jobim, é símbolo da cidade e eu tenho que manter de qualquer maneira. São os ossos do ofício, mas eu já estou acostumado. Apesar da minha idade, sou duro como uma rocha.

RP: O senhor faz uso de desodorante?
CR: Nunca usei e até hoje ninguém reclamou. O pessoal daqui de baixo do Jardim Botânico até criou um bloco em homenagem ao meu sovaco.

RP: Como é a vista aí de cima?
CR: Eu não me canso de apreciar essa paisagem maravilhosa, não há nada igual no mundo. Nesse tempo em que estou aqui, assisti a muita coisa. Vi construirem a ponte Rio-Niterói, o Maracanã, o Aterro do Flamengo. É bem verdade que vi também algumas coisas ruins, como a favelização da cidade. Gosto de ver turistas chegarem aqui em cima esbaforidos e tirarem fotos de mim. Quando não tem ninguém é chato e, pra passar o tempo, eu fico contando barcos na baía de Guanabara e as viagens de bondinho do Pão de Açúcar.

RP: É verdade que a sua eleição como uma das 7 maravilhas do mundo foi marmelada?
CR: Isso é choro de perdedor, de invejosos. Se você quer saber, eu acho até que fui prejudicado e merecia uma colocação melhor. Perder para a Muralha da China ainda vai, mas ficar atrás de um pedra de que ninguém ouviu falar é dose. Eu sei que a Estátua da Liberdade foi uma que reclamou, mas, coitada, ela está caidinha, virou até garota propaganda de um shopping na Barra da Tijuca.

RP: Após a eleição, quais são seus planos?
CR: Eu gostaria que fizessem um pedestal rotatório para que eu possa girar e ver toda a cidade. Estou há mais de 70 anos na mesma posição e acordando todo dia com o sol na cara. E tem mais uma coisa, daqui pra frente, eu quero ser conhecido como o Monumento do Cristo Maravilha.
                     
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( Depois dele, tivemos o Vampiro Lestat, Bento Carneiro ( o Vampiro Brasileiro ) e, agora, a saga "Crepúsculo", com Edward e outros vampiros. Mas só ele é o Primeiro. Para me vingar do Fabio, resolvi encarnar, na entrevista, o Conde Drácula. Vejam o que deu. ) 

II - ENTREVISTA  COM  O  VAMPIRO   ( Revista "Exame de Sangue" )

          Em primeira mão, publicamos, na íntegra, a entrevista feita pelo nosso repórter Fabio Bastos com o lendário Conde Drácula, da Transilvânia. Sim, Vlad não morreu! Instalados em local seguro e secreto, todas as perguntas e respostas foram registradas, com exclusividade, para deleite de nossos leitores. Não foram permitidas fotografias, em virtude do nosso entrevistado ter alergia à luz. Porém, fiquem certos de que ele estava impecavelmente vestido de preto (dos pés à cabeça), sério (nada de mostrar os dentes) e arrogante (parecia o rei da cocada preta).

          EXTRA! EXTRA! EXTRA!

Fabio BastosComo um príncipe da Transilvânia se tornou um vampiro? Fale das suas primeiras experiências sanguinárias e de como tudo começou.
Conde Drácula: Tudo começou quando eu ainda era criança. Nos arredores do nosso castelo, havia um canavial. Eu adorava assoviar e chupar cana. Por isso, meus dentes caninos desenvolveram-se além da conta e minha mãe me levou ao dentista. Quando o cara veio pra cima de mim com aquele motorzinho barulhento, eu mordi o braço dele. E gostei! Mordia todas as visitas. Ficava de castigo, mas não adiantava. Aquilo acabou virando um vício: morder, chupar, sangue... Pronto, virei vampiro!

FB: Você tem fama de só chupar sangue de mulheres belas e jovens. Você já deu chupadas em macho?
CD: Está me estranhando, rapaz? Eu sou espada! As mulheres imploram para serem chupadas por mim, são umas cachorras sangue-bom. É bem verdade que eu já me envolvi com outros homens, mas foi apenas sanguinariamente, para experimentar novas sensações. Porém, nada de troca-troca. Eu chupava os bofes e saía voando, na minha forma morcego. Tolinhos, nunca me pegaram. E você não folga comigo, senão te chupo todinho!

FB: Com todas essas doenças contagiosas que andam por aí, que precauções você toma antes de uma chupada?
CD: Está pensando que eu sou burro? Sem preservativo, não dá. Mandei o Doutor Nicolai (aquele mesmo dentista que eu mordi) fazer umas camisinhas para os meus caninos. O velho não entendeu bem, parece um morto-vivo, e fez um dentadura meio frouxa, mas quebra o galho. Registramos a patente e vendemos para festas à fantasia.

FB: Dizem que, apesar da idade, você continua ativo.
CD: Eu tô que tô, cheio de tesão, e sem estimulantes azuis. Sou o maior garanhão insaciável. Eu malho muito, batendo minhas asas pelo mundo afora. Sou um cara sarado e viajado.

FB: Quem no Brasil você já chupou?
CD: Eu só chupei umas cabras. Meus asseclas me disseram para manter distância do povo de lá, senão você acaba como ele, fu e mal pago. Mas, se a memória não me falha, acho que já mordi dois jogadores de futebol com o mesmo nome, Arnaldo, Romualdo, sei lá. Não acredita? É só ver a mulherada dando em cima e os dentões deles.

FB: Quem você gostaria de chupar?
CD: Então... de repente... tipo assim... Uma dessas siliconadas, pra ver como é. Só receio morder e ela sair voando.

FB: Se você tivesse que escolher um sucessor, quem você escolheria?
CD: Ninguém está à minha altura. Eu sou insubstituível, indestrutível, infalível. Eu me amo tanto, que tenho vontade de me chupar. (Olha para o vidro, mas não há reflexo.) Gostoso! SSSHHH! Imagine Vlad II, III, IV, V... Eu não sou o Rambo. Sou duro de matar, primeiro e único.

FB: Que mensagem você gostaria de passar aos seus seguidores e admiradores?
CD: Comam picanha no alho, usem um crucifixo de ouro no ônibus e peguem um bronze no sol de meio-dia. O máximo que pode acontecer é você morrer, mas o que é a vida sem arriscar o pescoço?

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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

LUIZ LIMA - Não Caiu Na Rede, Não É Peixe

( Minha atividade física é a natação. Ele é um dos meus ídolos e o eterno "Rei da Praia" . Só um senão: é tricolor. Tudo bem, ninguém é perfeito. )

          Desde que me entendo por gente, quer dizer, por Mar, já vi coisas de que até Deus duvida. Nem dá para citar tudo, pois o espaço teria que ser tão grande quanto eu. Foi um tal de animais de várias espécies, os mais diferentes tipos de embarcações, náufragos que conseguiram se salvar, outros que ficaram comigo, enfim...

          Mas esse rapaz consegue me surpreender. Com mais de 30 anos, o que ele faz, atletas profissionais e amadores também fazem: me atravessar em longas distâncias, nadando. São provas, atualmente incluídas nas Olimpíadas, denominadas Travessias ou Maratonas Aquáticas. O que me impressiona é, além da garra e da habilidade para me superar, o esforço dele para divulgar e incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo. Até curso ele criou, na praia de Copacabana. Aviso aos navegantes: vagas esgotadas no primeiro dia das inscrições!

          Não preciso dizer que é um vitorioso, ou ganha ou está entre os primeiros, no Brasil e no mundo. E, cá entre nós, já o vi chorando porque não venceu. É pentacampeão da famosa Travessia dos Fortes, entre o de Copacabana e o do Leme, e tricampeão da Travessia dos Bravos, das Ilhas Cagarras até a praia de Ipanema. Além de forte, o cara é bravo.

          E é doido também. Sabem da última? O maluco se inspirou na música de outro maluco, o grande Tim Maia, "Do Leme ao Pontal" , e se propôs a fazer o trajeto. Havia momentos em que eu achava que ele desistiria. Realmente, eu assusto com o meu tamanho, além de estar frio e revolto na ocasião. Adivinhem: nadou durante 9 horas e conseguiu. Coisa de louco!

          Esta última talvez seja penúltima. Li, num jornal velho que jogaram em mim, que pretende, em sua próxima façanha, vir de Saquarema até Copacabana. Tem jeito não!

          Depois de competir em piscinas por vários anos, decidiu que sou o adversário a ser vencido. E eu o recebo de braços abertos. Já o reconheço de tanto que cai nas minhas águas. A agilidade de um golfinho, a determinação de um tubarão, a resistência de um marlim. Em seu modo de nadar, braços e pernas são tentáculos, na busca do objetivo de chegar. Cada vez mais longe, cada vez melhor. Com as bênçãos do meu deus Netuno!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

2 061 - UMA ODISSEIA NO MAR

( O jornal O Globo, no Segundo Caderno, tem a coluna " Há 50 Anos " : fatos de um passado que, às vezes, continuam acontecendo no presente. Mãe Regina faz uma previsão para daqui a 50 anos. O futuro a Deus pertence, mas todos querem saber, certo? )


          Correrá o ano de 2 061 e as previsões mais catastróficas se concretizarão. O mar secará! Virará sertão. No mundo inteiro, todos os povos se conformarão. Mas os cariocas, viciados em praia, aproveitarão uma ideia de mais de cinquenta anos atrás e construirão piscinões. Ipanema, Copacabana, Barra, será tudo piscinão. Haverá até eleição para escolher o mais bonito e letras de músicas serão adaptadas para homenageá-los.

          O outrora poderoso  e cultuado Netuno, deus dos mares e dos oceanos, estará encostado no Olympo. Sem ter o que fazer e sentindo falta da adoração, reunirá seus súditos, todas as criaturas dos mares extintos. Anunciará que irá reinar nos piscinões mesmo, acreditando que as pessoas terão mudado, aprendido a lição, depois de tudo o que acontecerá, como consequência de seus atos de agressão ao meio ambiente.

          Quando a aquática comitiva chegar ao primeiro deles, em Ramos, notará que as coisas não serão tão diferentes assim. As águas estarão poluídas com latas, copinhos e garrafas e, por isso, os peixes jogarão cargas ao mar ( piscinão ). Um palito de queijo de coalho quase furará um dos tentáculos do polvo. Alguns cavalos-marinhos bobearão e virarão espetinho de camarão. E a estrela-do-mar? Com um jeitinho nas suas pontas, será a bola da pelada na areia.

          A poluição será sonora também, com os gritos dos vendedores ambulantes e a música dos vários gêneros ( pagode, funk, hinos religiosos ). O pinguim gemerá, com a pele descascando de tanto sol. As sereias chorarão porque as mulheres dirão que elas precisam botar silicone nos seios e que as escamas são, na realidade, celulite. Até a baleia reclamará que está encalhada por ser gorda. O siri travará uma luta de vida ou morte com um pitbull sem focinheira.

          A gota d' água será quando houver um arrastão e cortarem os cabelos de Netuno para fazer peruca. O futuro rei dos piscinões descarregará sua fúria formando uma ressaca. Será uma festa! No mesmo instante, surfistas pularão na água com suas pranchas, crianças furarão ondas e jet skis farão manobras radicais, por cima e por baixo dos banhistas.

          Arrasado, sem prestígio, Netuno já estará se preparando para  voltar à monótona vidinha de aposentado, quando, de repente, será carregado nos braços da galera e homenageado com cânticos e oferendas. Idolatrado, dirá ao povo que fica. O que ele não saberá é que um bêbado, ao vê-lo com seu tridente, irá confundi-lo com Exu Capeta e o pessoal acreditará. Será despacho pra lá, gente com o diabo no corpo estrebuchando pra cá, e ele se achando um deus. Como será para o bem de todos e felicidade geral da nação...