terça-feira, 1 de maio de 2012

CHURRASQUINHO DE MÃE

( Eu não escrevi errado nem vocês entenderam mal. Não é Churrasquinho PARA a Mãe, é Churrasquinho DE mãe, mesmo! Fato histórico!!! Quem? Quando? Onde? )

          Bem sei que não fui o único injustiçado no mundo. A História parece uma revista de fofocas: já deturpou a vida de muitas figuras, contando tudo de outra maneira. Nós, os famosos, somos umas vítimas nas mãos desses paparazzis que são os historiadores. Louco, incendiário, assassino, assim me chamam até hoje. Você cria fama, tem que deitar na cama, mesmo que seja de faquir.

          Tudo começou com um simples almoço, no quintal do meu palácio. Como eu tinha que matar um leão por dia e uns cristãos também, dei ordens para separar um (leão, é claro!) para o rega-bofe. Mandei comprar umas bebidas e acenderem o carvão, numa espécie de caixa formada de pedras, a churrasqueira. Eu e meus oficiais iniciamos uma cantoria bem animada, batendo nas panelas, e as moças dançavam. Habemus carne na brasa, bebida, música e mulheres, habemus um tremendo pagodis!

          Foi aí que aconteceu um pequeno incidente: Mamãe Agripina, já de cara cheia, falava mal de todo o império romano. Ninguém escapava, nem eu, seu filho, o Imperador. Um era corno, outro era broxa, uma era piranha, outra estava acabada. Matrona! Acabou engasgando com um pedaço de carne com farofa. Tentei socorrer a velha, mas tropecei na churrasqueira (eu já estava ligeiramente mamado também) e o fogo se espalhou, devido ao alto índice de concentração etílica no ar. Chamei os centuriões bombeiros, mas, para variar, não tinha água, a escada estava quebrada e as ânforas furadas. Roma lambeu como um balão!

          Na confusão, não notamos que Mamãe ficou entalada no incêndio. A coroa era um porre, mas era minha mater. Enquanto as chamas ardiam, peguei meu instrumento (musical!) e cantei esta canção, de minha autoria:

          O maior golpe do mundo
          Que eu tive em minha vida
          Foi com trinta e nove anos
          Perdi minha Mãe querida
          Morreu queimada no fogo
          Morte triste e dolorida...

          Bastou isso para me culparem de tudo. Incendiei Roma, matei minha Mãe, enquanto tocava lira, e ainda plagiaram minha canção. Acabei doidão mesmo e, tempos depois, me suicidei. Porém, o pior de tudo é saber que muitas pessoas, até hoje, põem meu nome em seus cães. NERO!!! Eu não sou cachorro não!