domingo, 6 de setembro de 2015

PROGRAMA DE ÍNDIO !!!

           Engarrafamentos? Filas? Despesas? Se vocês quiserem tudo isso, aceitem esse convite. O Blog e o Bloguinho viraram LIVROS! Para Adultos e Pirralhos. Bjs


domingo, 24 de maio de 2015

FLAGRANTE DA LAVA - JATO

( Por que eu? Sou inocente, não mereço isso! )

          Eu, uma respeitável senhora sem antecedentes, fui apanhada pela Lava-Jato. Não a operação policial, mas a gripe. A cada ano, essa doença é batizada com o nome do fato ou da pessoa em evidência. A propósito, o mais adequado seria Leva-Jato, pois carrega o indivíduo pra cama rapidinho.

          Tal e qual as detenções que vemos na mídia, assim foi a minha estreia como meliante. Em vez de entrar no camburão, fechei-me prostrada na solitária do meu quarto; as algemas que me cerceavam a liberdade eram febre, dor de cabeça, coriza e tosse; e a camisa do Flamengo (sacanagem!) foi substituída por um cobertor bem quente.

          Fui julgada, não pelo juiz Sergio Moro, mas pelo meu médico, que me condenou a ficar uma semana em casa, de repouso. O exame de corpo de delito teve um resultado bem ruim. Minha pena foi antibiótico, antiácido e xarope.

          Já paguei todos os meus pecados, até os que não cometi e estou pronta pra outra. Eu, hein? Virei a boca pra lá. Qual será o nome da próxima gripe? Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe!

domingo, 22 de março de 2015

CAROÇO, CUIDADO !

( Preparem seus ouvidos! )

          Oi, amiga, foi tudo bem. Churrasco com todos os componentes: picanha, frango, linguiça, molho à campanha, farofa, cerveja gelada. O cunhado caprichou! Alugou uma das dependências do clube de onde é sócio, com mesas, cadeiras e churrasqueira. São três espaços cobertos, um geminado ao outro.

          O único senão foi o fundo musical. Não dele, do pessoal ao lado. Quando cheguei, o pagode estava nas alturas, Raça Negra, Só Pra Contrariar. Ao ver minha irmã e perceber que seríamos vizinhos dos altíssimos decibéis, resmunguei "Não!". Achou que eu estava brigando com ela.

          Decidi jogar o jogo do contente: curtiríamos música sem pagar couvert artístico. Conversar, nem pensar! Só gritando para se fazer entender. Era o que todos faziam, ao mesmo tempo. Foi aí que o cunhado resolveu entrar na guerra. Pegou o som do carro e tascou funk no volume máximo, Anitta, MC Marcinho. Pagode, funk, gritos, gritos, funk, pagode! Abaixa, abaixa, e nada...

          Espera, cara, deixa eu terminar.

          Você pensa que acabou? Faltou o terceiro espaço, com a festinha infantil, Galinha Pintadinha, Xuxa. Sem limites sonoros e some o coral das crianças se esgoelando. Então, eu...

          Ai, meu dente! Essa azeitona tem caroço. O quê? Hein? Fala mais alto. Ah, foi isso que você disse: "Caroço, cuidado!" ? Eu entendi "Almoço do cunhado"... Calma, não precisa berrar, eu não sou SURDA!!!

domingo, 1 de fevereiro de 2015

A VOZ DA VEZ

( Preparem seus corações para baterem no ritmo da história ! )

          Maluca, maluca, mil vezes maluca!

          Uma mulher casada, três filhos, já chegando aos cinquenta, correndo atrás de um sonho da juventude, só pode ser muito doida. Os pés incharam e doem do aperto da sandália. A roupa, cheia de plumas e paetês, pinica e coça o corpo todo. Um calor do cão e a chuva impiedosa destruíram a maquiagem que a filha fez nela com o maior capricho. Até a bunda ficou dormente, de tanto tempo sentada no meio-fio. Cadeira? Nem pensar!

          Bem feito por cismar em desfilar numa escola de samba do Rio de Janeiro, qualquer uma servia! Nascida e criada em cidade do interior de Santa Catarina, via pela televisão aquele espetáculo de cores e som e se imaginava lá. O sacrifício começou em ficar devendo favor ao amigo do amigo do marido, diretor de harmonia. Mais o dinheirão da fantasia. E tome decorar samba-enredo!

          Como se não bastasse, o marido e os filhos caíram na pele dela, dizendo que deveria sair na ala das baianas, por causa da idade e dos quilinhos a mais. Os cariocas que conhecia olhavam como se pensassem: "Tem gringa no samba..." Sonho de menina? Acorda, mulher!

          Escola com nome de árvore. Cantor com nome de fruta. Que praga! Agora já era, o mal estava feito.

          Começa o aquecimento para iniciar o desfile. A bateria dita o ritmo, o cavaquinho toca alto e ela escuta aquela voz, pairando sobre tudo:

          - Fala, Mangueira!

          O vozeirão que cantava o samba enraizava-se no fundo da alma. Era um tronco forte e seguro, que transformava o colorido das fantasias em galhos e folhas de uma copa frondosa e refrescante, onde brotava um fruto negro e exótico: JAMELÃO!

          Sentiu o arrepio que a fez esquecer a dor, a coceira, o calor e a dormência. Enxugou as lágrimas, o coração batendo junto com os instrumentos. Saiu dançando e cantando, que nem pinto no lixo, no meio daquele mar de verde e rosa, fazendo coro com o intérprete maior (puxador não!):

          "Tem xim-xim e acarajé
          Tamborim e samba no pé

          Mangueira vê no céu dos orixás
          O horizonte rosa no verde mar..."

          Se venceria o Carnaval, ninguém sabia, só depois da apuração. Mas, para a vibrante foliã, a Estação Primeira seria, com certeza, a grande Campeã. Foi um rio que passou na vida do Paulinho da Viola e na dela também.

P.S.: Podem chamá-la de velha, gorda e gringa, porém ninguém pode acusá-la de pé-frio. A Mangueira foi a campeã daquele ano de 1 986, com o enredo sobre Dorival Caymmi. Agora é a minha vez (sem voz, por favor!):

          "Mangueira, teu cenário é uma beleza
          Que a natureza criou, ô, ô..."

          "Quando piso em folhas secas
          Caídas de uma mangueira
          Penso na minha escola..."

          "Tem capoeira
          Na Bahia
          Na Mangueira..."