sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

CARTÕES POSTAIS

( Férias, calor, tempo de viajar. Se 100 pessoas forem para o mesmo lugar, serão 100 opiniões diferentes. Com um casal, acontece também. )

          Para comemorar o primeiro aniversário de casamento, um jovem casal, por insistência do marido, resolveu acampar numa linda praia, quase deserta, do litoral brasileiro. Foram com um grupo de amigos mais velhos, que tinham filhos. Conforme haviam prometido, enviaram cartões postais, ele para o melhor amigo e ela para a irmã. Cada um contou a viagem do seu jeito.

          ELE:  E aí, cara? O máximo a nossa viagem! Os caras e as mulheres são muito legais. As crianças deles brincam tanto, que dormem pesado à noite. Dá até vontade de ter filhos. Conversamos, comemos e bebemos o dia inteiro. Praia à vontade, sem preocupação com horários e roupas. Fico de sunga o tempo todo. Já pensou não ter que tomar banho diariamente? Quando tomamos, é numa tenda improvisada com um pedaço de lona, e de canequinha. As necessidades fisiológicas são feitas na areia mesmo, numa área atrás do pequeno cemitério da cidade. Sinistro, né? Dormimos em barracas, sob o céu estrelado e rodeados de ar puro. Estou me sentindo um índio, livre, leve e solto.

          Difícil foi convencer a Carlinha a vir. Argumentei que seria bom fazer um programa diferente. Parece que ela está gostando, mas, não sei por que, disse que teremos muito que conversar, quando chegarmos em casa. Espero repetir logo essa aventura.

                                                                        Abração do Carlos

          ELA:  Oi, Maninha. Que merda de viagem! Entrei numa fria. Os homens são uns beberrões inúteis e as mulheres, umas mal-amadas fofoqueiras. Combinamos que elas cozinham e eu lavo a louça. Nunca lavei tanta louça em minha vida! E uma delas ainda me falou para economizar água e detergente. Quase a mandei para aquele lugar. Como não consigo me entrosar, virei babá das crianças, uns capetas mal-educados. Deus me livre ter filhos! A praia é linda, mas só isso enjoa. Fico de biquini o dia todo, nem usei minhas roupinhas lindas e novas. O banho é racionado, numa tenda ridícula, onde quase caí, para um pescador não me ver pelada. O lugar é quase deserto, mas, nessas horas, sempre passa alguém. Foi por pouco. Faz idéia de como estão minha pele e meu cabelo? Meu intestino está preso há quatro dias. Tem que ir atrás do cemitério. Se é difícil em casa, imagine com defuntos olhando. Uma vez, eu quase consegui, mas veio um maldito "vivo" e me chamou para dizer que tinha achado uma conchinha. Enfia a conchinha lá! E na hora de dormir, é no colchonete, sobre o chão imundo, dentro de uma barraca apertada e rodeados de mosquitos. Estou me sentindo uma selvagem, farofeira e reprimida.

          Não sei como o Carlinhos conseguiu me convencer, logo eu que gosto de conforto. Programa de índio! Ah, ele vai ver só, quando chegarmos em casa. Pobreza e essa gentalha, jamais!

                                                                                 Beijos da Carla

2 comentários:

  1. Hahahahahahahahahahahahahahahaha !!!
    Que maravilha !!! Eu fui lendo e vendo o cenário, pq vc narra de um jeito tão simples que parece que estamos vendo um filme .
    E é a pura realidade essa diferença de opiniões.
    Me fez lembrar de um casal de amigos .
    ADOREI, querida !
    Já vou lá ler o último e comentar.
    Eu estava sentindo falta, viu ?
    Beijinhos

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  2. Muito engraçado, Regina!
    Beijos e feliz 2012 (um pouquinho atrasado)!

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